sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Nos galhos secos


Gospel Prime

Basta alguém cantar essa primeira frase e pronto, descobrimos que a maioria sabe cantarolar essa canção, é quase impossível achar alguém nas Igrejas que nunca tenha ouvido.
Ela se tornou uma canção praticamente obrigatória pra todos que começam aprender seus primeiros acordes no violão. A canção “Galhos Secos” é sem dúvida também uma das canções mais regravadas nos últimos quarenta anos de história da “MCC” (Música Cristã Contemporânea).
Foram muitas as regravações entre as mais conhecidas está a versão do Grupo Catedral e mais recentemente a Tribo de Louvor (Min. De Louvor da Bola de Neve). É sempre intrigante pensar o que faz com que certas canções se tornem inesquecíveis na memória e no gosto popular hein? Tá aí um bom tema para uma próxima coluna.
O que pouca gente sabe é a historia dessa canção ou quem é seu autor, muitas destas canções parecem um daqueles “corinhos” (como eram conhecidos os cânticos de louvor, que alguém ensinava nas Igrejas e cantávamos sem nunca saber o seu autor).
No começo dos anos 70 havia uma revolução cultural e musical, e no cenário evangélico surgiam grupos e cantores que buscavam falar, inovar e romper barreiras culturais, como: VPC (Vencedores por Cristo), Som Maior, Jovens da Verdade, Grupo S8  etc, traziam um novo jeito de cantar, e de expressar sua fé, com  melodias  totalmente atualizadas com a sua época, e foi no começo da década de 70 que surgia numa pequena Igreja um grupo formado por 4 adolescentes, usando cabelos levemente crescidos (tolerado gentilmente pelo pastor local) e que muitas vezes era pressionado a proibir  aqueles garotos de tocar.
O grupo chamava se “Exodos” a moçada era ousada e corajosa e sem saberem, eram na verdade uma das primeiras expressões legitimas de Rock feito na Igreja no Brasil, claro que na devida proporção daqueles garotos, mas eles fizeram muito barulho que chegou a incomodar, a ponto da Revista Veja (nº 248 1973) ir até o local e fazer uma reportagem sobre esse tal grupo de rapazes com cabelos levemente longos, todos criados na igreja Batista, que estavam fazendo aquele som pesadão pra época. Por conta desse som alto e um pouco mais pesado o grupo foi convidado a deixar de tocar na Igreja e as atividades da banda foram suspensas.
Os autores dessa música são os irmãos Osnir a Osvayr Agreste, hoje com cinqüenta e poucos anos, eles compuseram essa canção quando tinham por volta de treze anos. Num desses encontros maravilhosos da vida batemos um longo papo, a história dessa música poderia se chamar “uma lição de persistência”.
Quando escreveu essa canção ele não gostou pois não conseguia terminá-la, e por diversas vezes rabiscou a letra e acabava por jogá-la na lixeira,  até que seu irmão Osvayr a resgatou do lixo desamassou o papel, completou algumas frases e criou a melodia, pronto estava feita a canção que se tornaria uma das mais populares e regravadas na nossa história da musica cristã evangélica Brasileira, porém foi através de um festival de música gospel  em que  a banda foi uma das finalistas que essa canção se consagrou, e de lá pra cá ela vem sendo  regravada pelos mais diversos grupos e cantores.
A Banda Êxodos é sem dúvida uma das pioneiras na tentativa de se fazer música contemporânea com uma levada Rock nas Igrejas no Brasil.  Arte é isso, toda aquela resistência passou, os tempos mudaram, a Banda acabou, porém, a sua arte permanece intacta! E falando até hoje aos corações!  Até a próxima pessoas!

sábado, 14 de novembro de 2015

PERDI A ALEGRIA…

Olá, Graça e Paz!

Me perdoe se te chamo amigo com tanta intimidade, mas é que, mesmo sem você me conhecer, nem me ter por amiga, eu o tenho como amigo, como companheiro de longa data e caminhada.
Digamos que uns vinte e cinco anos atrás.... tu passaste a ser meu amigo platônico.
Pois é, só agora tive a coragem de me revelar. Talvez pela angústia que nos une em cada livro lido, em cada mensagem. Até aos vinte e sete anos nascido e vivido no Rio de Janeiro, após dores profundas de morte e separação, mudei para o interior de São Paulo.
E foi lá que te conheci... VINDE SAT....aulas de teologia com um telão; e você, ali, com um sotaque que abafava o meu, discorria sobre a Bíblia; e eu boquiaberta, engolia cada Palavra.
Meu coração tinha muita sede de conhecimento de Deus, de Jesus, e descobri que havia muita coisa a aprender...
Convivi contigo através de seus livretos, cada um mais apaixonante...profundos....e eu te amei... Não como homem e mulher; mas, como um mestre e sua discípula.
Eu sorvia tudo que tu falavas e senti confirmado a cada dia a vocação de também pregar o evangelho. Mas, mulher, viúva, sozinha e mãe de três filhos...imaginas como me olhavam???? Mas não me importei e corri atrás do sonho... pregar o evangelho de Jesus. Apesar de assistir as aulas na Igreja Presbiteriana, eu era membro de outra Igreja também Histórica. Tive que mudar pra outra cidade (fiquei por lá 5 anos trabalhando e estudando) pra que a Igreja de lá me enviasse para a Faculdade de Teologia e me sustentasse até ser nomeada.
Não te via mais no telão, mas, eu te lia.
Até que tudo desmoronou na sua vida e na minha vida....senti a sua dor na separação, nos falatórios, nos preconceitos... mas não te abandonei.
Algo dizia em meu coração que Deus, o inventor do perdão, te levantaria e eu que buscava te ouvir, te ler, vi o silêncio cair sobre nós...
A caverna de Adulão foi o lugar que tu habitaste e levaste contigo não só eu, mas um grupo de pessoas que te amava e sentia o seu deserto... 
Perdas...dores e perdas..... Mas nada é para sempre e tu foste saindo; tentando não ficar cego com os holofotes dos opressores que te procuravam ainda querendo te tragar; como diz o nosso amigo salmista Davi, aquele que também pecou, mas ficou conhecido como o homem segundo o coração do Pai.
Isso pra deixar fariseus doidos hehehehee...
Na caminhada da vida, no caminho da graça te reencontrei.....
Não pessoalmente, pois, não tive essa graça; mas tenho te acompanhado hoje através da net.
Tuas palavras libertadoras me instiga a largar tudo de novo....
Sou uma pastora, pastoreio ovelhas e bodes... Estou ainda na Igreja Histórica, mas meu coração está preso.
Quero me libertar, mas não sei como...
Me acovardei; e tenho perdido os sonhos que faziam com que eu saltasse, me jogasse ao ar...
Estou com os pés pesados, fincados no chão e sofro com isso.
Me ajude amigo!
Com um beijo no coração, aguardo.           
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Resposta:

Querida amiga: Graça e Paz!

Sei do que você está falando... Do amor por Jesus que foi ficando domesticado pela segurança do ministério em uma igreja forte e histórica; ao mesmo tempo em que o coração vai ficando velho de falta de sonhos; cansado de tantas Atas sem atos..., que a alegria de ser vai dando lugar apenas ao “dever cumprido” — o que é uma desgraça para o coração de quem um dia sonhou com alegria e sem medo.
Sei também do que significa ter filhos e responsabilidades a cumprir.
Sei ainda que há um tempo para todas as coisas debaixo do céu; inclusive para esta carta.
Entretanto, me pergunto:
O que posso dizer a você?
Digo apenas que pregue e pregue; e pregue apenas e tão somente o Evangelho, como ele é.
Ora, você verá que quando você apenas voltar a ser simples como antes e pregar o Evangelho da Graça, com todas as suas implicações e sonhos possíveis, seu coração se alegrará outra vez; e isso lhe trará a certeza de uma renovação de alma e espírito que lhe farão outra vez saltar como o boi selvagem e indomesticável pelos homens.
Então, se tolerarem o Evangelho, você ficará, e ficará alegre; posto que o importante não é o lugar ou a instituição, mas sim se as pessoas estão amando o Evangelho e dando liberdade para que ele flua.
Se, porém, não aceitarem a alegria libertadora do Evangelho, e, por assim fazerem e sentirem, desejarem coibir sua alegria na simples pregação da Palavra, com todo respeito, amor e dignidade, saia... —; e, então, comece a pregar apenas a Palavra; e, desse modo, logo você verá um grande numero de pessoas que não iam ouvir você lá..., começarem a se aproximar; ao mesmo tempo em que todos os que amam o Evangelho de Jesus em sua boca, sem que você os chame ou faça qualquer proselitismo, aproximar-se-ão de você outra vez.
Entretanto, como eu disse antes, a coisa não é estar aqui ou lá. Visto que o que de fato importa é apenas em como o Evangelho esteja em você; se tem em você liberdade consentida para crescer; e, através de você, para outros.
Isto é tudo o que importa!
Assim, busque alegria. Quem já viveu o Evangelho como alegria e liberdade para tudo o que edifica e convém, esse não consegue viver para sempre sem ser o que sabe ser o chamado de Deus para a vida; ou seja: para ser Nele.
Portanto, comece a pregar como quando você era apenas uma menina apaixonada pela Palavra. Sim! Antes da teologia engessar seu ser e abafar com liturgias sem vida a alegria simples de sua alma; que por sinal, não gosta de se repetir...
Era isto que de todo o coração eu senti que deveria dizer a você!
Obrigado por tanto carinho, respeito e amizade; sem proximidade, mas com a intimidade dos que se importam e oram sempre.
Receba meu amor no Senhor!
Com todo carinho, Nele, que nos chama a alegria sempre,

Caio
8 de abril de 2009
Lago Norte
Brasília
DF