sexta-feira, 17 de novembro de 2017

CELIBATO

“Não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”, assim inicia a Bíblia, citando Deus, numa das afirmações mais antigas sobre a demanda mais essencial da alma humana: o amor e encontro. O fascinante dessa declaração divina é o contexto no qual ela aconteceu. A criação estava novinha em folha. O homem vivia num paraíso. Ouvia a voz de Deus todos os dias ao por do sol e se comunicava com as demais criaturas em plena harmonia. Alem disso o homem ainda usava os 100% de sua mente e não apenas os cerca de 8% que hoje utilizamos. Dessa forma ele possuía capacidade telepática e uma espécie intuição-instintual e um instinto-intuitivo, que lhe garantiam sintonia fina com todas as dimensões da vida.

Ora, o homem falava com o Criador e com todas as criaturas, mas ainda assim se sentia esta só. Que ironia? Tinha tudo, mas faltava-lhe uma mulher. A mulher não é tudo, mas nada é tudo sem uma mulher!

Aqui, neste ponto, aprendemos que há coisas que o ser humano só encontra no Criador (seus significados essenciais), outras que ele só encontra na criação ( seus significados históricos) e, por ultimo, outras que ele só consegue depreender de seus vínculos com os iguais-diferentes, onde a alma se gemina e a boca grita: “Esta sou eu”. -- entre gratidão, perplexidade, êxtase e ardente desejo de sentir o gosto de sua própria carne, na mulher ou esta no homem. Comer nossa carne no outro á a prova de nosso mais primitivo e sadio canibalismo: “É carne de minha carne e osso de meus ossos”.

Assim é que a opção por ficar só, deve ser apenas o fruto de uma de-cisão confortável por parte de que quem assim escolhe. Mas não deve ser jamais pré-requisito para qualquer coisa na vida, incluindo-se, sobretudo, a vida religiosa ou sacerdotal. Até porque a verdadeira experiência do prazer sexual é divina e sagrada e sua linguagem é cultica, tipo: “Estou arrebatado, minha deusa, você é divina, estou em transe, êxtase…”

Para o apostolo Paulo – ele mesmo, aparentemente, um celibatário, o casamento do pastor era assim visto: “O Bispo deve ser marido de uma só mulher… e deve criar os filhos sob disciplina…pois se alguém não sabe como governa a sua própria casa, como governará a igreja de Deus?”. A lógica da declaração é tão esmagadora que dispensa maiores explicações.

Sobre o celibato penso que deveria ser apenas uma questão de opção. No caso da manutenção das leis de celibato terem implicações de natureza econômica sérias para a Igreja Católica – como é obvio que têm – o que se deveria fazer era deixar que os padres e freiras decidissem como desejariam viver e, no caso de fazerem opção pelo vinculo conjugal, dar a eles a incumbência de se auto-sustentarem. Dessa forma, quem tem vocação para o celibato, dependeria da igreja (também se assim o quisessem); e os que desejam ser sacerdotes mas entendem as limitações financeiras da Igreja Católica Romana quanto a os manterem em seus ofícios, ainda assim poderiam dedicar-se ao sacro-ofício, ao invés de terem de viver no sacrifício. Afinal, todas podem ser as razões para que se imponha o celibato, mas o único lugar onde elas não devem ser buscadas, entretanto, é na Bíblia. Lá, com certeza, elas não estão.

Caio Fábio

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

ENTREVISTA PARA SEMINARISTAs

Pesquisa sobre disciplina no estudo e na leitura- FTBSP Pastor Caio, bom dia ! Sei que o seu tempo é precioso e o local mais indicado para eu fazer isso seria o site, mas como estou com dificuldades de acessar a internet momentaneamenta , se fosse possível gostaria solicitar que o senhor respondesse algumas perguntas sobre estudo, leitura etc.. Eu e mais alguns amigos da Faculdade Teológica Batista de São Paulo estamos entrevistando alguns pastores e líderes do meio evangélico através de e-mail e pessoalmente, para constatar a importância do conhecimento na vida e no ministério desses pastores. São as mesmas perguntas que estamos enviando para todos os pastores. ___________________________________________________________ 1- Pastor, desde quando o hábito da leitura foi criado na sua vida? Resposta: Nasci numa família onde se lia muito. Mas eu era moleque e gostava mesmo era da rua. Somente após a conversão, aos 18 anos, é que comecei a ler, e jamais parei de fazê-lo. 2- Qual o tempo que você dedicava a leitura e estudo particular no inicio do seu ministério? Resposta: Cerca de cinco a seis horas por dia. Isso durante muitos anos. Hoje leio menos. De fato leio apenas aquilo que me interessa muito. Na realidade pesquiso mais do que leio por mero deleite. No entanto, a leitura da Bíblia sempre foi minha leitura mais intensa. 3- Qual o tempo que você dedica hoje a leitura e ao estudo? E quais as áreas do conhecimento humano que mais lhe interessam? Resposta: O que menos leio nos últimos 15 anos é teologia. Leio muito mais filosofia, antropologia, psicologia, sociologia, história e até Física que teologia. Não tenho um tempo fixo dedicado à leitura. Mas quando leio me dedico. 4- Quais as dicas que você daria aqueles que saindo do seminário querem fazer um cronograma de estudos e conciliar com diligência a leitura, a vida devocional e o pastoreio? Resposta: Nunca se sentirem "formados". Como eu não fui a nenhum seminário, nunca me formei, e é este estado de não-formação o que mais me ajudou nos últimos 31 anos de ministério. Estou sempre em formação, e aberto para tudo. 5- E por último, nos indique aqueles autores e obras que mais marcaram a sua vida e ministério? Resposta: Um livro, mais que qualquer outro, fora a Bíblia, é claro, foi o "Confissões", de Santo Agustinho. Dele me veio o estímulo à confissão como devoção. Mas de fato, mais que por livros, fui influenciado por autores. Bem no início de meu ministério o Francis A. Schaeffer. Depois de 1982 ele perdeu um pouco o encanto para mim. Começou a me soar cada vez mais fundamentalistas e a comprar causas que eu julgava irrelevantes. Mas certamente minha visão da Queda teve muita influência dele. Ainda que, como já disse, ele tenha ficado meio antiquado para meu sabor em pouco tempo. Em 1976 ou 77 li Temor e Tremor, de Kierkgaard. Ele teve profunda influência em mim, até porque era daquele jeito dele que eu sentia a vida e a fé. Li tudo o que pude dele até 1981. O C.S. Lewis foi outro autor importante. Li quase toda a obra dele. Recebi muitos insights dele. Mas já não leio nada dele desde 1984. Todavia, foi com ele que descobri minha liberdade de imaginar como cristão. Depois veio o Jacques Ellul. Ele, sem dúvida, foi o autor que mais me influenciou. De seus quarenta e quatro densos e grossos volumes, provavelmente eu tenha lido uns trinta. O primeiro livro dele que me veio às mãos foi aí por 1982. Depois, entre 1988 e 1990, li tudo o que encontrei dele em inglês. Isso aconteceu num período de dois anos que tirei como tempo "sabático" na Califórnia. No mais não houve nenhum outro autor em especial. Houve sim muitos livros bons, a maioria de pesquisa. Como já disse, muito cedo eu me cansei da teologia. Então me enveredei por todas as outras áreas de interesse que "pulsavam" em mim. Ora, como já disse, isto vai da filosofia, psicologia, antropologia e história à física quântica. Literalmente me interesso por quase tudo. No entanto, todas essas coisas são e foram "apenas" leituras. Meu eixo de gravidade sempre esteve na Palavra. Por isso é que nunca tive "autores" que tenham sido tão continuamente influentes em minha vida. A leitura da Palavra os relativizava com imensa rapidez. Hoje leio muito pouco, se comparar ao que li até 1998. Na maior parte das vezes "estudo" ou faço algumas "pesquisas". Nesse caso, a influência vem de milhares de "pedaços de informação", e que fazem sua síntese em mim-e a minha é feita na Palavra. ___________________________________________________________ Pastor Caio, mais uma vez te agradecemos e se você puder nos responder em muito nos ajudará. Um grande abraço. Ricardo Capler Líder da Igreja Batista Betesda- Piracicaba

Caio Fábio

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

500 anos de Reforma Protestante: sua história, sua mensagem e seu legado!

Nesta semana comemoramos os 500 anos da Reforma Protestante, que foi um movimento de retorno à Palavra de Deus, já que no século XVI, a fé cristã se viu envolvida em uma profunda crise[1], onde a leitura da Bíblia ficava restrita apenas aos clérigos, sendo paulatinamente substituída pelos amuletos, pelo misticismo, pela tradição e pelas crendices populares. Portanto com o passar do tempo, as pessoas foram se distanciando das Escrituras e neste período a Bíblia somente era lida em latim pelos padres se tornando para a maioria das pessoas um documento misterioso.
Portanto, o contexto histórico da Idade Média foi marcado pela imposição da teologia do medo, onde o clero católico envaidecido de suas conquistas terrenas demonizava tudo que fosse contrário e ensinava ensinos distorcidos como: o purgatório, a venda de indulgências, a prática da diabolização; o uso dos amuletos e a infalibilidade papal, o que gerou o medo coletivo na população. Portanto, o comércio de indulgência na Idade Média era muito forte e assim com o passar do tempo houve o crescimento considerável de abusos, tais como a livre venda de indulgências por profissionais “perdoadores“ e a pregação destes, em alguns casos era exagerada chegando a afirmar: “Assim que uma moeda tilinta no cofre, uma alma sai do purgatório”. Deste modo, cada vez mais crescia o número de religiosos que ensinavam diversos tipos de superstições, como rezas, amuletos e histórias com o fundo manipulativo interesseiro e quem se opunha a isso era queimado na fogueira.

Assim com o passar do tempo começou a haver um desgaste destas práticas e assim tem início o período conhecido como Pré-Reforma, que foi legitimada pela crise moral do papado, pela revolta dos camponeses contra os senhores feudais, pela exploração da Europa pela Igreja Católica e pelo movimento da Renascença, onde as pessoas começaram a ter mais acesso a cultura e ao conhecimento, sendo estas as bases da futura Reforma Protestante. Sendo assim, foram surgindo alguns pré-reformadores como Pedro Valdo; John Wycliffe e em especial John Huss que morreu queimado pelo fogo da Inquisição, mas, que foi grandemente usado por Deus com a seguinte mensagem: “Hoje vocês queimam um ganso insignificante, mas daqui a cem anos ouvirão o canto de um cisne que não será queimado, e nenhuma artimanha ou armadilha o prenderá. ”
No início do século XVI, como efeito da teologia medieval, o monge agostiniano Martinho Lutero entendia que somente através do martírio e do sofrimento é que o homem alcançaria a salvação. Com isso, ele era terrivelmente afligido por sua consciência e se considerava o pior dos pecadores, a ponto de penitenciar-se diariamente, pois Lutero cria na salvação pelas obras e não compreendia de modo pleno a graça de Deus. Contudo, durante seus estudos teológicos exaustivos, passou a compreender a justiça de Deus ao estudar Habacuque 2:4 e Romanos 1:17 “O Justo viverá da fé”. Dessa feita, Lutero passou a compreender que a salvação do homem se dá através da justificação pela graça mediante a fé, e que a salvação é um ato de Deus e não do homem.

Gospel Prime