quarta-feira, 30 de março de 2016

SEM FÉ A GRAÇA É DÊS-GRAÇA!

Caio, graça e Paz.


Gostaria de lhe perguntar uma coisa, pois eu não tenho para quem.
Eu tive a consciência da graça de Deus e do que é estar em Cristo. Que em Cristo somos inculpáveis, irrepreensíveis diante do Pai, não por obras, mas pela fé na justificação por Cristo. Mas por errar, acabei por retornar à antiga consciência... Como estou ouvindo neste momento sua mensagem sobre Hebreus 12, pensei que voltei ao fogo palpável e ardente, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade...
Seria então que, na verdade, eu nunca tenha chegado realmente à verdadeira justificação pela fé? Visto que ela sempre se vai?
Não se transformou em vida e em certeza absoluta em mim, pois, voltei aos rudimentos pobres novamente...
Eu não agüento mais isso cara...
É muita paranóia acordar e respirar fundo apavorado como se realmente "querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado."
Sinto que estou indo de volta ao monte Sião desta vez... — hora fé e paz; hora medo e paranóia; hora amor de Deus e certeza; hora não existe Deus e um monte de paranóias...
Peço que me ajude.
Obrigado por esta mensagem em Hebreus12, me mostrou a luz novamente.
Fique com Deus.
___________________________________
Reposta:

Mano amado: Graça e Paz!

Se você tivesse realmente entendido o que preguei e prego, creia: você não teria chegado ao entendimento errado e paranóico que hoje o assola outra vez...
De fato, o que você está tendo é um retorno psicológico ao padrão culposo, neurótico e paranóico da velha religião.
Os “rudimentos” dos quais Hebreus nos fala não são erros morais e humanos, mas sim decisões de consciência contra o ensino de Jesus.
Ou seja: “os rudimentos” significavam um retorno à Lei e aos cerimonialismos judaicos, em contraposição à liberdade em Cristo.
Crucificar a Jesus a segunda vez”, naquele contexto, é voltar à Lei como agente de salvação e santificação autônomo, como justiça-própria.
Sinto que sua paranóia, entretanto, é mais séria, pois, há sinais de uma recorrência perigosa, e que, em geral, pode fixar um padrão mental psicótico.
Assim, se me escreveu, creia no que lhe digo em nome de Jesus.
Você não é um “Esaú”. Pare com isso. Sua angustia é de alma, não uma persuasão do Espírito de Deus.
Sim! Sua angustia é fruto da doença religiosa da culpa e da justiça-própria.
Mano, muito do que se ensina na Religião acerca de “Deus”, de “Jesus”, da “Bíblia”, etc. — é coisa do diabo.
O Acusador é o diabo.
Jesus é o Advogado.
Você crê que Jesus acuse você?
É claro que não!
Entretanto, saiba que você não precisa nem mesmo do diabo para enlouquecer você.
Sim! Basta a religião e seus infindáveis ecos de culpa e acusação.
Portanto, mano, pare com isso...
Não brinque de enfrentar esses fantasmas, pois, o poder deles está no fato de sua inexistência, o que faz com que você seja o “produtor” deles.
Ora, nesse caso, o perigo é que a coisa toda possa virar doença na mente... em razão da continuidade e da chocadeira que você oferece aos pensamentos negativos.
Assim, creia no que lhe digo e pare já com essa mania de se autojustificar.
Você está salvo, perdoado e justificado em Jesus!
Digo isto exercendo a autoridade de Jesus, a Quem conheço, e de Sua Palavra, que me dá tal autoridade espiritual.
Leia também:

Além disso, leia também os seguintes links:


Mano, se você me der ouvidos, sei que tudo isto acabará. E não peço que creia em mim, mas no Evangelho, conforme prego, pois, sei que se trata do Evangelho mesmo e não de sua falsificação; e você e todos sabem disso também.

Nele, que nos chama à certeza de que nossas certezas não são as certezas que nos garantem a Certeza da Vida, posto que essas venham apenas de nossa Confiança no que Ele fez e Consumou para sempre,

Caio
8 de março de 2009
Lago Norte
Brasília
DF

terça-feira, 22 de março de 2016

SERVOS JÁ NÃO, AMIGOS SIM!

Foi assim que Jesus disse que deseja que O vejamos, e que assim, Nele, nos percebêssemos.

Claro que o Evangelho que é Jesus e Jesus que é o Evangelho -- pois a Boa Nova é Jesus e Jesus é a Boa Nova -- nos ensina a viver e caminhar neste mundo de cardos e abrolhos.

No entanto, o Alvo de Tudo é muito claro!

Deus quer amizade, intimidade, unidade nossa Nele e uns com os outros, e com o todo de tudo o que Ele chama Vida!

Após dizer que nos chama de amigos e não de servos, e também tendo antes definido que os amigos Dele são os que entendem os mandamentos com a alegria da obediência impulsionada pelo bem que o caminhar em fé mediante o amor produz...-- Ele concluiu, na chamada Oração Sacerdotal, que o desejo Dele era que víssemos a glória do amor Dele no Pai, e que também nos tornássemos parte disso, numa fusão misteriosa que Ele definiu apenas como...-- EU NELES, TU EM MIM E ELES EM NÓS!

Esta é a minha e sua vocação de ser!

O resto é a confusão que turva a visão simples do chamado para nos fundirmos no amor de Deus, em Sua amizade, e em Sua glória, que é nos amarmos Nele eternamente!

Caio

terça-feira, 15 de março de 2016

Entrevista de Caio Fabio ao Programa The Noite, com Danilo Gentili – 23/06/2014

Danilo: O nosso convidado de hoje é pastor e é polêmico até no meio dos evangélicos.  Caio Fábio! Muito obrigado por ter vindo. Bem-vindo ao "The Noite”.
Caio: Obrigado!

Danilo: Entre os líderes evangélicos no Brasil, você é um dos mais populares e mais conhecidos até hoje, não é? Mas a sua principal atuação hoje é na internet?
Caio: É. Porque até 1998 eu fiquei 33 anos rodando o Brasil, indo presencialmente aos lugares. Mas eu tinha um objetivo. Eu achava que a comunidade evangélica era alienada como era, imbecilizada, marionetada, massa de manobra como era, abjeta como era, porque faltava instrução. Faltava ensino. Aí eu fiquei trinta e tantos anos ensinando. Dos Luteranos aos Neopentecostais. De um extremo ao outro. Criamos uma organização, que era a Associação Evangélica Brasileira, pra ver se dava parâmetros de saúde mental pro pessoal. Mas na realidade, eu descobri que ninguém quer isso, pois desmonta o circo, a estrutura, a exploração...
Instrução ajuda o povo a andar com as próprias pernas. Instrução liberta. Instrução tira as dependências desses gurus tiranos de sobre a cabeça das pessoas.
Bom, durante 30 anos eles não tinham o que dizer a meu respeito, não podiam me pegar por nada para me relativizar, até que eu me divorciei. Quando eu me divorciei em 1998, era tudo que essa corja queria. Eles não podiam me acusar de corrupção, de roubo, de exploração, de ênfase em dinheiro, de nada disso. Mas pegaram nesse santo-do-pau-oco: "O Caio se divorciou, logo, ele não tem mais nada a nos dizer".
Aí tentaram fazer disto um mastodonte.

Danilo: É tão grave assim se divorciar para os evangélicos?
Caio: No meu caso! Eu advoguei a causa do divórcio em 1978, quando o Senador Nélson Carneiro a propôs. Ninguém no meio evangélico advogava e no meio católico também não. Eu era uma voz solitária. E eu dizia: "A lei do divórcio não obriga ninguém a se divorciar, só resolve o problema dos angustiados e separados, que não tem como legalizar a situação". Uma vez que foi legalizada, centenas de pastores se divorciaram. E eu ajudei todos eles, os que eram genuinamente infelizes, a encontrarem seus caminhos. E suas esposas também. Quando chegou a minha vez, virou assim... Problema do Príncipe Charles com a Diana... Um espetáculo dantesco.

Danilo: E você acha que isso acontece porque o que você mais quer, pelo que eu entendi, é levar instrução ao povo evangélico, e isso não é interessante para os líderes evangélicos...
Caio: Mexia, solapava o poder dessa liderança toda. Bispo Macedo me abomina, esse povo todo me abomina... Eu passei a vida inteira tirando as estruturas de poder que eles usam pra manipular o povo. Eles esperavam apenas essa oportunidade.

Danilo: Um dos adjetivos que você usou no início foi "abjeto" quando se referiu à massa de manobra evangélica. Qual é a coisa mais abjeta que ela tem pra você?
Caio: Pra mim? Foi a capacidade que esse pessoal teve de, literalmente, deixá-los "brainless". Tiraram o cérebro desse pessoal. Olha, eu estou no ar de 10 da manhã à 1 da tarde, ao vivo, numa webtv que temos, e milhares de pessoas afluem pra lá. As perguntas que eu recebo são todas perguntas descerebradas. As pessoas perderam o cérebro.

Danilo: Os evangélicos são burros? É o que você está falando?
Caio: Ficaram! Qualquer um fica sob aquele rolo compressor. Qualquer um! Eu fiz uma pequena pesquisa sobre você, e vi que já passou por lá. Você sabe exatamente o poder que aquilo ali tem de fazer mentes tornarem-se amebas.

Danilo: O rolo compressor, qual é?
Caio: O rolo compressor é o medo. É o pânico, o susto. É a paranoia do diabo...

Danilo: Eles usam a Bíblia para colocar medo?
Caio: A Bíblia é a mãe de todas as heresias, se você quiser. Eu, sem a referência do Evangelho em mim, faço da Bíblia a miséria que quiser. Construo a partir da Bíblia deuses variados, anti-deuses! Porque você pegando um texto como a Bíblia, que não teve um autor só, mas dezenas deles, e que foi escrito em 1.500 anos, em períodos diferentes, sem conexão, se você criar uma sistemática, pegar e pinçar coisas daqui e dali, monta o diabo!

Danilo: O que deve e o que não deve ser interpretado de forma literal na Bíblia? E o que interpretam de forma literal, conscientes de que não deveria ser interpretado de forma literal?
Caio: A Bíblia diz sobre a si mesma que parte dela caducou. Tem muita coisa que é pra interpretar de modo literal, só que caducou.

Danilo: Uma parte da Bíblia que caducou, por exemplo?
Caio: Por exemplo, o livro de Hebreus, escrito no Novo Testamento, diz que toda a lei de Moisés caducou. A mensagem do apóstolo Paulo fala da caducidade, da caduquice, da senilidade das leis passadas diante da revelação de consciência nova que chegou em Jesus, e que relativizou todos os manuais e receitinhas primitivos, de sentencinhas tolas no tempo em que a consciência humana estava reduzida a fragmentos de percepção. Em Cristo, em Jesus, a vida ganha a percepção que eu tenho hoje. Que todo mundo tem aqui. Ele trouxe pra nossa mente uma atualização de olhar que não vai envelhecer nunca mais.

Danilo: Tem uma parte da Bíblia, pontual, no Novo Testamento, que caducou e que não vale mais?
Caio: A lei de Moisés, por exemplo. O Novo Testamento diz que as leis de Moisés têm uma vigência para o transgressor. Ele é que precisa delas mas, o homem que anda segundo o amor, não tem que pensar na lei. A lei morreu em Cristo.

Danilo: O Novo Testamento está inteiro, praticamente, dizendo que o Velho Testamento caducou. Mas e no Novo Testamento, para o cristão, tem alguma parte que caducou?
Caio: Tem.

Danilo: Qual, por exemplo?
Caio: Por exemplo, Paulo. Paulo faz questão de ensinar pra gente princípios imutáveis. Sob esses princípios imutáveis, ele faz aplicativos circunstanciais pro tempo dele, que são relativos àquele tempo, mas que devem ser vencidos pra se chegar ao princípio absoluto. Exemplo: Ele diz que em Cristo não há homem nem mulher, não há sexismos. Em Cristo não há escravo nem liberto, não há senhores nem entes minimizados. Esse é o ideal em Cristo! Todavia, nos dias dele, ele tinha que lidar com uma sociedade onde havia homem, mulher, escravo, liberto... Então o que Paulo faz? Ele tenta fazer o senhor de escravo se tornar mais humano, tenta fazer o escravo aproveitar a oportunidade da libertação. "Enquanto você não pode, tente ser feliz com o que você tem, mas no dia que puder escapar dessa, pule fora, porque o seu chamado não é esse!" A mesma coisa com tudo! Foi pra liberdade que Cristo nos libertou. As igrejas ensinam escravidão.

Danilo: Ok. Uma coisa que igreja ensina muito também, e deve estar acontecendo isso agora em outro canal, é possessão demoníaca... Acontece possessão? Quando a pessoa fica lá.... aaahhhrgh!
Caio: Ah, meu Deus... Eles vivem disso! Aquelas ali? Aquelas ali eu tiro com tapa na bunda! "Levanta! Vamos acabar com a palhaçada!" - Aquilo ali é sugestão, é psiquismo demoníaco aprendido pela cultura neopentecostal e instilado nas pessoas... Aquilo ali, na maioria das vezes é forjamento. Tem até os possessos contratados pra puxarem a fila dos impressionados. Agora, possessão demoníaca existe. Não naqueles ambientes de massa, já preparados para aquele show. Existem situações concretas, nas vidas das pessoas agonizantes em casa, que não são visitadas. Essas não interessam. Porque o verdadeiro oprimido espiritualmente não tem nem como ir a um templo. Os que vão a um templo não estão oprimidos. Os verdadeiros oprimidos tem que ser achados em casa, ajudados em família. Mas isso não interessa a essa indústria religiosa de portas arreganhadas pra receber incautos: dedicar a vida para visitar velhos, terceira idade, pobres, oprimidos, possessos, em casa... Esse povo que não tem dinheiro pra contribuir está de fora desse mercado da exploração.

Danilo: Ok. Eu posso tirar umas dúvidas com você? Dúvidas pontuais sobre a Bíblia? Por exemplo: eu cresci ouvindo a história de Jonas e a baleia. Foi literal? Ele realmente ficou dentro de um peixe, literalmente falando?
Caio: Ele pode ter ficado, não dentro de uma baleia, porque a baleia não tem infraestrutura orgânica pra engolir um ser humano. Mas um cachalote poderia. Grandes outros peixes. E há casos concretos, historiáveis, pontuáveis, inclusive do século 20, como a de um marinheiro inglês que ficou 48 horas engolido dentro de um cachalote, aqui nas Malvinas. E saiu vivo! E a história humana tem várias repetições disso aí.
Então, tanto faz! Na realidade a mensagem de Jonas é uma mensagem muito mais profunda. É mostrar como a ideologia política, quando se fanatiza na alma de alguém, faz o cara ficar totalmente indisposto pra amar o próximo, acolhê-lo ou levar qualquer mensagem de bondade pra quem quer que seja. Esse é o grande drama do Jonas. A coisa do "vessel", do aparato que o engoliu literalmente pode ter acontecido, e não necessariamente precisa ter sido assim, porque o objetivo era a mensagem.

Danilo: O importante é a mensagem, não? E você, acha o que?
Caio: Eu? Ah, eu já vivi demais pra ter ceticismos definidos em mim como dogma.

Danilo: Acredita em E.T.? Vida fora da Terra?
Caio: Eu estou aberto à multiplicidade de todas as existências cósmicas, meu amigo! Pra mim é inconcebível que se eu e você, que estamos sentados aqui em São Paulo, no Brasil, na América Latina, no hemisfério sul do planeta Terra, no sistema solar, nessa galaxiazinha que faz parte de bilhões de outras galáxias e com a Física nos apresentando descobertas no mundo subatômico que nos dão a entender que a gente pode ter mundos paralelos aqui do lado deste mesmo, fora este outro... Ora, com achados mínimos desse tipo, quem sou eu, sendo um homem de fé, pra dizer que vou limitar qualquer coisa? A fé deveria me abrir a mente mais do que a mente de um cientista! Porque o cientista tem mais limites do que eu. Ele precisa repetir em laboratório mil vezes a mesma coisa pra dizer: "sempre que isto acontecer assim, será verdade. Logo é um princípio científico". Eu não. Eu não tenho esse compromisso de trazer esta demonstração. Eu estou muito mais aberto em fé pra lidar com a multiplicidade das possibilidades e ir fazendo as minhas sínteses. De modo que eu creio. Não nos estereótipos, no "cinza", olhão grande, isso e aquilo...

Danilo: "Minha casa... telefone..."
Caio: Spielberguianas... Essas coisas. Pra mim, são mitos urbanos. Mas a Bíblia está carregada de afirmações sobre a multiplicidade dos mundos e das dimensões. Ela só trata isso com uma outra linguagem diferente da nossa.

Danilo: E a Bíblia - agora deixando o assunto de fé e religião de lado... Ela apresenta algumas ambições de ser um registro histórico que às vezes lendo parece muito estranho. Por exemplo: os Nephilins. Eu fui procurar no "São Google" o que é um Nephilim, e o "São Google" revelou pra mim que Nephilim é isso aqui (mostra imagem no projetor). O Nephilim seria um gigante, como dito em Gênesis? Quando vai falar do dilúvio, e tal...
Caio: Gênesis capítulo 6. Os “filhos de Deus”, “os Benai-Elohim”, diz lá no hebraico, possuíram as filhas dos homens, as que mais belas eles achavam, e geraram nelas filhos, que vieram a ser chamados de "Nephilins", ou seja, são a "descendência dos que caíram".

Danilo: O Nephilim então é um cruzamento de...
Caio: É um híbrido! Angelical-Humano. "Angelical" no sentido que é extraterrestre. Não é desta dimensão. É "anjo" (no sentido da linguagem bíblica) com humanas, e aí teriam nascido os Nephilins, que segundo o livro de Gênesis são os gigantes, que conduziram a antiguidade, que a dominaram. Agora, o que é interessante é que você vê em todas as culturas da Terra, dos Nazca, Incas, Astecas, Egípcios, Celtas, qualquer outro ambiente e cultura, Índia, China... Você encontra em todas as histórias primitivas, sem falar nos Gregos, que são os pais dos "semi-deuses", dos gigantes, disso tudo, você encontra a mesma narrativa de uma “hibridização" entre seres que vieram de outra dimensão com seres humanos. Isso aí está espalhado na literatura universal e também na narrativa de Gênesis 6. Mas não são assim, como esses caras aí! (refere-se à imagem)

Danilo: Agora... Eu calculei ali, um ser humano... Ali é um estudo de escala. O ser humano normal seria aquele de 1 metro e 80, né?
Caio: O Minotauro está com inveja desse maior aqui...

Danilo: O ser humano teria 1 metro e 80 e o Nephilim teria 11 metros.
Caio: Não, isso é um exagero! Absoluto! A Bíblia dá referência de tamanho de homens grandes... Por exemplo, diz que Ogue, rei de Basã, que ficou vivo depois do dilúvio, com narrativas históricas, arqueológicas...

Danilo: Teve gente que sobreviveu ao dilúvio?
Caio: Sobreviveu ao dilúvio! Ele era desse tipo, dos Nephilins.

Danilo: O que eu entendi é que o dilúvio matou todo mundo, menos Noé!
Caio: Pra liquidar! Liquidar inclusive essa hibridização que deformou a raça humana. Mas escaparam alguns.

Danilo: Mas a Bíblia não diz que não escapou ninguém, só Noé e a família?
Caio: A Bíblia diz linguagens gerais a partir do olhar de um observador finito. Nós temos a chance de examinar o todo da história e da Bíblia. Uma coisa interessante sobre a ela é que, no livro de Gênesis diz que não escapou ninguém, e depois do dilúvio a Bíblia introduz os descendentes desses caras vivos no mundo, mostrando que alguns deles escaparam! Inclusive Ogue, Rei de Basã (que ficava na região de Golã, onde hoje são os montes de Golã) conta a Bíblia a altura maior, registrada lá, que a cama dele, toda de ferro, tinha 5 metros e 20 de comprimento e 2 e 80 de largura, pra gente ter uma ideia do tamanho desse bicho! Agora... Golias, que também era da descendência dos Nephilins, que foi da história com Davi, aquele conflito lá com os filisteus, tinha 3 metros e 40. Então, não chega a ser essa enormidade.

Danilo: Me deu um susto! Eu fiz a conta, um ser humano de 1,80...
Caio: Pelo amor de Deus! Como ele vai transar com uma menina de 1 metro e 60? Meu Deus, a menina ia ficar arrombada no meio!

Danilo: Ia ser 31 centímetros só de rola...
Caio: Sai pela boca, assim... Você ia ter um chafariz! Atravessar a bichinha. Não dá!

Danilo: Milagres? Existem hoje, ainda?
Caio: Existem!

Danilo: Então porque ninguém vê mais? Só vê milagre de araque?
Caio: Todo milagre industrial é de araque! É simples assim. Abriu uma porta e disse: "Milagres aqui" - É mentira! Milagre é inusitado, milagre é misterioso.

Danilo: Você já viu milagre? Já testemunhou?
Caio: Muitos!

Danilo: Qual foi o maior milagre que você já testemunhou?
Caio: Você quer falar de milagres físicos? Eu vi uma mulher derramando vermes pela vagina, numa situação horrorosa em Manaus.

Danilo: Mas isso não parece milagre, parece doença.
Caio: Era doença. Mas você ora e o negócio parar na mesma hora, não no dia seguinte, nem duas horas depois, mas secar na hora? É chocante! Você ver pessoas em hospitais, como eu vi algumas vezes, desenganadas, morrendo, como meu amigo Zé Cury, que está vivo hoje, dono de uma pousada no Rio Grande do Norte. Morrendo, desenganado, septicemia... Nós tínhamos sido malucos, tomadores de todo tipo de drogas e maluquices por aí, lutadores de Jiu-Jítsu juntos, lá nos Gracie, e ele saiu um pouco da linha, perdeu a cabeça, a polícia federal encheu-o de sete tiros, todos com bala -"dundum"- morrendo no hospital, com o intestino perfurado, mandou me chamar e disse: "Ó, septicemia! Morro hoje à noite! Encomenda a minha alma!"- Eu falei: "Não cara. Você ainda vai viver pra caramba, eu não sei nem porque eu estou te dizendo isto". Botei a mão na cabeça dele e orei com toda sinceridade, simples, em nome de Jesus. E o Zé Cury levantou na mesma noite. Isso faz 40 anos, e ele está vivo aí até hoje. Eu posso sair te contando histórias desse tipo pra sempre. Agora... Não é com hora marcada. Não é "Sexta-feira do Milagre". Não tem preço nenhum a pagar. É tudo de graça.
Não tem rito, não tem mistérios. Só implica sinceridade, verdade e encontro humano puro diante de Deus.

Danilo: Por que, por exemplo, quando você vai falar de Velho Testamento com um pastor, ele diz que o Velho Testamento caducou, como foi o início de nossa conversa aqui, mas aquela parte de Malaquias 3:10, que é de pedir dízimo, não caducou?
 Caio: Mas eles não dizem que caducou não! Eles me chamam de "herege" porque eu digo que essas coisas caducaram. Porque, justamente, se caducaram, o dízimo já era. E o dízimo não pode!

Danilo: Mas se você vai perguntar: 'Porque o pastor não guarda o sábado?"- “Ah! Porque não vale mais, não tem mais a lei...”
Caio: É seletiva a escolha deles! É seletiva quando o Novo Testamento não é seletivo. O Novo Testamento diz em Romanos 10: "O fim da lei é Cristo, pra justiça de todo aquele que crê". Ponto! Acabou! Começou uma nova era eterna de consciência. Isso eles não querem porque tira das mãos deles os aparatos primitivos de controle do povo. E o dízimo é um deles. Os sacrifícios... Por que o Macedo está construindo aí esse "Terreirão de Salomão"? Essa coisa grandona? Monstruosa? Porque ele quer, finalmente, oficializar a Universal como a captadora de recursos para o "templo de Deus". Para que Malaquias capítulo 3 se torne encarnado na Universal. Porque lá se diz que é pra levar ao templo, à "Casa do tesouro", que era no formato do templo do Salomão. Agora aqui ele está fazendo isto com a mesma cara, dez vezes maior, com essa máquina de caça-níquel, pra se tornar o grande arrecadador oficial! Com a simbologia e o arquétipo do Velho Testamento encarnado no Templo de Salomão. Essa é a esperteza desse malandro! É um terreiraço, meu amigo!

Danilo: Os líderes evangélicos, você mesmo disse, não tem muita afeição por você.
Caio: Eles deixaram de ter em 1998, até 1998 era unanimidade. Total. Eu deixei de ser unanimidade total em 1992, quando eu comecei a bater de frente com o Macedo todo dia. Aí eu deixei de ser unanimidade para a Universal, que até então, não concordava comigo, mas me respeitava. A partir dali eu perdi a unanimidade da Universal, mas mantive a dos outros até 1998.

Danilo: E do que você mais discorda da Universal? É o negócio do dinheiro?
Caio: Não, eu discordo de tudo. Aquilo pra mim é um grupo pagão, com intenções perversas, é uma grande franquia, e nunca esconderam que é, e é um sincretismo montado pra pegar todas as necessidades humanas das mais supersticiosas, ao cara evangélico que esteja numa crise de angústia e que diz: "Quem sabe aqui dá pra eu fazer uma fezinha também".

Danilo: Qual a sua denominação?
Caio: Eu fui ministro presbiteriano durante 30 anos.

Danilo: E hoje?
Caio: Hoje eu sou líder do Movimento Caminho da Graça, que não quer ser um movimento religioso, quer ser um caminho de fé, de consciência, por isso é que tem milhares de pessoas chamadas "desigrejadas" pelas igrejas, que estão todas dentro desse movimento, sem pai, sem mãe...

Danilo: Mas não acaba virando uma igreja? Uma denominação?
Caio: Ah, mas Igreja sou eu, Igreja é você. Igreja é impossível não haver. Igreja somos nós. Igreja é encontro. Eu me encontrei aqui contigo, esse é um encontro-igreja.

Danilo: No Vem&Vê TV está escrito que é "um canal cristão não religioso". Como algo cristão pode ser não religioso?
Caio: Porque o Cristianismo é religioso, mas a fé cristã não. O Cristianismo foi criado pelo Imperador Constantino, que fez um grande sincretismo. Pegou as crenças romanas de Mitra, as crenças egípcias presentes, pegou o panteão greco-romano, puxou todo pra dentro dessa única fé que havia em Roma, que estava capilarizada por todo império, um império que estava morrendo, e disse numa grande sacação: "Esses caras, essa fé de escravos, está capilarizada em todo império, e é através deles que eu vou poder reuni-lo!" O golpe dele foi esse. Foi aí que ele cooptou o que durante 4 séculos foi sincero, puro e não construiu um único templo! Que era a fé dos discípulos. Constantino pegou esses caras que eram perseguidos, espoliados, maltratados e os cooptou com benesses. "Daqui pra frente quem for cristão não paga mais imposto do império...". Ele foi obrigando todo mundo a virar cristão a partir da economia e da política. Inchou a igreja, corrompeu-a, fundou o Cristianismo. Isso de um lado.
Agora, a fé em Jesus nunca foi uma religião! Jesus não fundou nenhum Cristianismo. Jesus não fundou nada chamado "Evangélico". Jesus não fundou nenhuma religião. Jesus ensinou “Caminho". Caminho de Consciência pra qualquer um viver na rua, na estrada. Veja: Onde Jesus passou a maior parte do tempo dele? Na praia, cara. Ao ar livre.

Danilo: Ele era um Hippie?
Caio: Ele não era um Hippie porque não tinha essa designação. Os Hippies quiseram ser como Jesus e não conseguiram.

Danilo: Ok! Mas Jesus não fazia tudo que os Hippies faziam. Jesus... "pitava" um?
Caio: Se Ele fumava unzinho?

Danilo: É! Hoje em dia, Ele fumaria unzinho?
Caio: Rapaz, não tem nada mais doido do que... Você já fez jejum? Mas assim... De sair pra uma floresta, pra um deserto e ficar quieto?

Danilo: Não!
Caio: Cara, não tem onda mais doida do que um jejum, meu irmão! Sabe? Baseado fica careta, tudo vira bobagem. Na hora que você está ali, três, quatro, cinco dias de jejum e a tua cabeça começa a abrir... As nuvens começam a ficar vivas... O vento começa a te ninar... A água tem uma parceria contigo... Meu amigo! Canabis virou pitadinha pra distrair numa hora dessas, entendeu?

Danilo: Então, Jesus era do negócio pesado!
Caio: Não há ninguém que tenha andado com Deus e que não tenha sido um negócio pesado! Um cara que andou com Deus e fez um negócio leve, não conheceu Deus! Porque Deus é loucura pura, meu amigo! Essa história de racionalizar a Deus é uma idiotice na qual eu não caibo. A minha inteligência é grande demais pra entrar em racionalismos a respeito de Deus.
Deus é absurdo.

Danilo: Ok. Bom, muito se fala hoje em Movimento Gay. Como você acha que Jesus veria hoje o Movimento Gay?
Caio: Do jeito que Ele viu nos dias dele. Nos dias dele estava cheio de gays. E o que Ele fez?

Danilo: Não sei. O que Ele fez?
Caio: Nada! Estava cheio de prostitutas, calhorda pra todo lado, e o que Ele fez? Nada! Ele acolheu quem o procurou, Ele não perguntou coisa nenhuma. Não estava na pauta de Jesus e nem está. Essa pauta aí é uma pauta moral, é uma pauta ideológica, é uma pauta da fragilidade da religião que introjeta culpa nas pessoas e exacerba o maior movimento de compulsão psicológica justamente por aquilo que eles proíbem. Pegue uma estatística e vá ver, proporcionalmente, neste país, aonde existe a maior eclosão de compulsão gay no país. Não é no Corinthians...

Danilo: É no São Paulo...
Caio: No São Paulo chega perto! Agora... Nada alcança o movimento evangélico.

Danilo: Tem muito viado lá?
Caio: Claro! É uma viadagem só onde você fica dizendo: "Cuidado! Se virar viado é do diabo". "Se tiver um comichão no furingulingo é satanás!". Tudo é diabo! Meu Deus! Você cria meninos dizendo: "Cuidado com o diabo!" E até a tua heterossexualidade é do diabo. Tudo é do diabo! A homossexualidade então, é o diabo!

Danilo: "Bater uma" também...
Caio: Uma bronha? Tá danado! É tudo culpa, tudo pecado! Conclusão: uma sociedade que só introjeta pecado vai produzir só tarados. É simples como qualquer análise psicológica te diria. Não tem jeito dos evangélicos melhorarem enquanto eles piorarem o mundo pra todos. Não tem jeito. Eles vão ser sempre os piores do mundo que eles pioram para os outros.

 Danilo: É... eu quero aproveitar agora... As meninas que saem comigo... Eu sou assim porque eu sou crente, tá? Não é culpa minha. Por favor! Eu faço o melhor que eu posso. Eu faço o melhor que eu posso.
Caio: Foi um condicionamento religioso que o deixou assim, um pouco descontrolado, mas ele está se segurando, né Danilo? Quanto mais ele se segura, pior fica! (risos) Tem que seguir o conselho do Macedo que pediu um jejum aí de 45 dias... Jejum de Globo, você não viu isso não? Pode até dar sorte pro Brasil! Pediu pra todo mundo não ver a Globo, mas assistir a novela “Vitória", da Record... e mais uns filminhos lá sobre Jesus. Vocês vejam como Deus é útil, né? Deus é utilíssimo.

Danilo: Você é evangélico presbiteriano desde menininho.
Caio: Isso.

Danilo: Você experimentou sexo antes do casamento?
Caio: Ah, com 5 anos de idade. Tive uma babá do meu irmão que tinha 15 e resolveu me pegar.

Danilo: Não, você tá brincando...
Caio: Aí me viciou... Nunca mais parei. Até hoje.

Danilo: Você está falando sério? Com 5 anos? Você tinha noção do que você estava fazendo com uma babá?
Caio: Eu fui tendo!

Danilo: Você é um cara de muita sorte!
Caio: Primeiro eu só tinha alegrias. Uma coisa gostosinha... Aí ela vinha, aquela moça grande... Eu pequeno... ela foi, foi, foi... Depois de um ano eu dizia: "Tomara que papai e mamãe vão pro cinema de novo". Porque era só quando eles iam ao cinema à noite. Eles iam três vezes por semana. Eu ficava torcendo pra irem todo dia.

Danilo: E faziam tudo?
Caio: Tudo! Eu não precisava fazer nada. Eu só sentava e ela realizava. Quando acabou, com 7 anos, que meu pai descobriu e mandou-a embora, eu chorei mais do que a morte de um primogênito.

Danilo: Quantos anos ela tinha?
Caio: Ela começou com 15 e agora tinha 17, e eu estava com 7. Aí, meu amigo... Ela plantou um borogodó em mim que não saiu nunca mais. Eu nunca mais consegui olhar pra vida do mesmo modo. As menininhas viraram todas mulheres.

Danilo: Até hoje você fala - com todo respeito - pra esposa: "Põe uma roupa de babá..."
Caio: Você sabe que eu não fiquei com fetiche? À medida que os anos foram passando, eu sempre quis pessoas da minha idade e, aliás, até os 20 anos eu só queria pessoas 10 anos mais velhas que eu porque me acostumei com a babá, cara. Depois que você se acostuma com uma mulher e você é um menino, fica difícil querer menininha. E depois que você vai ficando homem, sexualmente falando, tanto mais você vai querendo a experiência de mulheres que já "rodaram no candelabro".

Danilo: Vividas! Tá certo. Vividas! Você ainda tem o contato da babá?
Caio: Rapaz, eu sei que ela mora em Belo Horizonte hoje em dia. Sabe qual foi a última vez que eu encontrei com ela? Eu estava dando autógrafo de um livro meu aí por 1996, chamado "Confissões de um pastor", lá em Belo Horizonte, e aquela fila enorme... Aí veio uma senhora com três meninas mais altas do que ela atrás, ficou em pé bem na minha frente na mesa e falou assim: "No dia em que eu fui embora você chorou copiosamente. Quem sou eu?" Eu olhei pra ela e falei: "Fulana!" Claro que eu não ia esquecer jamais! Eu tinha chorado copiosamente! Tá ela ali... Se ela não dissesse aquilo, eu não iria reconhecê-la, né? Eram décadas depois. Mas quando ela disse isso... ah, voltou na hora!

Diguinho: Você comeu ela de novo naquele dia?
Caio: Não! Não fiz isso contra mim! Depois que eu me converti, isso tudo virou passado. A gente está conversando aqui de tempos acerca dos quais eu não tenho nenhum problema porque tudo que fez parte da minha vida faz parte da minha saúde hoje.

Danilo: É o seu Velho Testamento? Ela está no Velho Testamento?
Caio: Não, porque não ficou obsoleto. Eu continuo na prática feliz com a minha esposa.

Danilo: Maravilha!
Caio: Ela teve até contribuições a dar à minha vida posterior.

Danilo: Que bom! Esse foi Caio Fábio, pessoal! Aliás, Caio Fábio... Hoje você não está em denominação nenhuma... Eu te chamo de pastor, de presbítero?
Caio: Me chama de "Caio", cara!

Danilo: Caio! Muito obrigado por ter vindo! Foi um prazer conversar com o senhor.

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Transcrição: Marcello Cunha
Formatação e Revisão:
Sheila Boldt

quinta-feira, 3 de março de 2016

Verso ou versículo?

Verso, segundo o Dicionário Houaiss, significa “cada uma das linhas de um poema, caracterizando-se por possuir certa linha melódica ou efeitos sonoros, além de apresentar unidade de sentido”. Delson Gonçalves Ferreira em sua “Lingua e Literatura Luso Brasileira” (Ed. Bernardo Álvares, p.396) diz que “verso é uma sucessão ordenada de sons verbais fortes e fracos.(…) Também a música é uma sucessão de sons, mas não verbais”.
Versículo apresenta valor semântico distinto, a depender do contexto em questão, seja religioso/teológico, seja secular/literário. No sentido religioso/teológico, é “cada um dos pequenos trechos com sentido completo em que tradicionalmente se divide um texto sagrado”; definido pelo próprio Dicionário Houaiss. No seu sentido comum, fora do âmbito teológico/religioso, com vista a ser mais preciso, seria um verso pequeno.
Definidos o que são um e outro termo, a saber, verso e versículo, fica mais fácil refutar a sugestão de alguns “estudiosos” de teologia – pois ainda não sei de alguém com autoridade intelectual se preocupar com tais mesquinharias – de que “devemos” chamar verso ao nos referir às linhas numeradas dos livros chamados poéticos da Sagrada Escritura, a saber, apenas Salmos e Cântico dos Cânticos – segundo definição do Manual Bíblico Vida Nova, David S. Dockery, p.348.
Ocorre que para o livro ser tratado como poético, ele precisa conter só poesia, mas temos vários livros que misturam prosa e poesia. O próprio livro de Salmos contém hinos, cânticos, provérbios e reflexões, que não são poesia, e aí ficaria mais restritivo e complicado ensinar e mesmo aprender quando e em quais situações se referir a “Livro tal e verso tal” ou “Livro tal e versículo tal”.
Uma opção seria a abordagem contemporânea de poesia que não é mais o poema em forma de verso, mas de conteúdo. Porém, nesse ponto a coisa começa a complicar mais ainda, pois teria que passar por nova validação de traduções e originais.
Não bastasse essa confusão que surge desse preciosismo inócuo, há ainda um outro problema que surge da regra da lógica tradicional que prescreve que é preciso para um juízo, ou afirmação ser verdadeiro/válido que ele apresente coerência.
Se formos coerentes nessa linha de raciocínio teríamos que nomear de parágrafo as linhas numeradas dos livros que não são poéticos – logo, os prosaicos, ou praticamente toda a Bíblia – que ficou convencionado chamar de versículo, visto que só caberia nomeação a rigor, aos versos pequenos, tais como: “Jesus chorou. João 11:35” e outros de mesma extensão, já que essa aventura teológica de renomear coisas, não contempla o duplo significado do termo em seus contextos.
Ou pior ainda, teríamos que estabelecer uma regra tipificando o que seria um verso pequeno para daí então estabelecer o que sobrou para versículos. Ficaria assim nessa lógica de raciocínio: Livros poéticos: Salmo 12, verso 3. Atos, 12, parágrafo 4, para ser coerente, do contrário perde a validade por contrariar a regra básica de lógica.
A luz e o tempo, enquanto conceitos em ciência, ainda não foram totalmente estabelecidos o que são. Diante de um congresso de física, o palestrante precisa se explicar para a plateia a sua tradição adotada. Contudo, nem por isso eles ignoram, em termos práticos, o que seja a luz ou tempo, apenas não coadunam nos limites ou interpretação do conceito em si. E a vida segue.
No caso de chamar de verso e versículo tem 2 aspectos que pesam numa decisão dessas de trocar nomes a “essa altura do campeonato” da história cristã:
1° – a tradição estabeleceu e consolidou assim; se perguntarmos para um indivíduo comum, com conhecimento regular da Bíblia, se ele sabe diferenciar um do outro, certamente ele vai saber e não apresentará dificuldades, pois a linguagem é dinâmica e vai adquirindo novos significados e esse é um dos casos que a palavra muda a semântica de acordo com o contexto.
O 2° aspecto, no contexto da tradição cristã, versículo não possui mais o seu significado comum de verso pequeno num poema, conhecido e definido pela Teoria Literária. No caso específico da Bíblia, equivale a um parágrafo. Se fôssemos pelo preciosismo, isso deveria ser levado em consideração e ser suprimido em favor do parágrafo.
Mudar dá trabalho e não basta apenas dizer-se zeloso das coisas do Reino, tem-se, que de fato e ato, demonstrar-se zeloso.
Mudar por pedantismo, sem o cuidado que a questão merece, vem mais a encalistrar a teologia e afastar ainda mais o crente regular de assuntos superiores, do que atrair ideias e pessoas em torno do objetivo comum, que é levar à leitura das Sagradas Escrituras e tornar acessível de forma simples assuntos complicados.
A escola pitagórica apregoava que devemos começar pelas primeiras coisas primeiro. Não sei se é o caso de se preocupar com termos já sedimentados na tradição de ensino cristã e até na cultura e linguajar popular nesses tempos de incredulidade.

Gospel Prime