sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

O cristão e a obediência

por Leandro Bueno


Hoje à noite, eu estava lendo a notícia de que o Superior Tribunal de Justiça, por meio de uma de suas turmas, deixou de considerar o desacato a funcionário público como crime. Desacatar alguém significa ofender, menosprezar, humilhar, desrespeitar, menoscabar.
Pensando sobre isso, fiz uma ligação direta com o momento atual que o mundo vive e a ideologia que o domina, totalmente afastada dos preceitos cristãos. É uma ideologia que vê a obediência e o respeito aos demais como coisas desnecessárias, limitador das pessoas.
Ou seja, algo que vai contra o hedonismo, a busca desenfreada por um prazer muitas vezes indizível e vazio. Portanto, as barreiras que se sobreponham a essa angustiada procura devem ser minadas, derrubadas.


Isso é importante ter em mente, sob pena da obediência a Deus virar um mero legalismo vazio e que tira a alegria de viver da pessoa, quando não vira um farisaísmo do tipo que se passa mais tempo querendo “enquadrar” o outro, ainda que ele tenha uma visão de mundo diferente, do que em amá-lo.
Na minha caminhada na igreja, uma das coisas que eu já vi mais ocorrer são pessoas que ficavam obcecadas em seguir regras impostas por líderes abusivos, e que nada tinham a ver com o verdadeiro Evangelho, pois muita gente confunde a instituição igreja com o que é de fato as boas-novas de Jesus, colocando tudo em um mesmo saco.
Um exemplo, sem querer generalizar ou fulanizar, é de uma igreja aqui em minha cidade, que se vale do sistema de células, o qual o líder praticamente controla tudo na a vida de todos os demais, que devem prestar contas com quem andam, com quem se relacionam, o que devem falar, etc. Uma espécie de “sharia” cristã. Aí, eu pergunto: Onde está a liberdade em Cristo ou isso é só uma balela de boca para fora?
É quando a fé se deixa manipular, fazendo pessoas virarem presas fáceis de toda sorte de abuso, estando machucados emocionalmente. Há, inclusive, um excelente livro acerca do tema chamado Feridos em Nome de Deus, da Editora Mundo Cristão, escrito pela jornalista cristã Marília de Camargo César.
Concluindo este texto, me fez lembrar de um senhor japonês amigo de minha esposa que me contava dias desses como na língua japonesa temos formas diferentes para se referir às crianças, adultos e idosos, como sinal de obediência e respeito. Ou seja, é algo internalizado de um povo em que o respeito pelas tradições e aos mais velhos e à tradição têm peso.
Infelizmente, no nosso mundo ocidentalizado atual, tradição é visto como velharia e para muitos descrentes a Bíblia seria apenas um livro de gente ignorante e analfabeta da época do bronze.
Nada mais longe da verdade, quando se tem a visão de que as verdades de Deus são eternas e imutáveis, queira o homem, na sua ignorância, admitir ou não, e a tradição um conjunto de coisas testadas ao longo dos tempos, com acertos e erros, que moldaram a própria unidade formadora de um povo.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A CRUZ E OS FILHOS DE DEUS...

Querido Caio,



Vi a sua mensagem "A Cruz e os Filhos de Deus".

Eu me sinto assim: um peixe fora d'água, meu coração grita todos os dias "Maranata". Vivo em função dessa promessa, do dia em que Ele enxugará de nossos olhos toda lágrima.

Mas busco um "Bons Portos", um lugar para pousar e repousar; refrigerar a alma, recarregar as forças para o dia-a-dia...

Quando você disse: "Eu creio que haverá um derrame de consciência do Espírito, e milhões de filhos de Deus 'dispersos' ou 'desviados' olharão para a Cruz", meu coração se alegrou, pois assim também creio. Ouço essa promessa há muito tempo, e sempre aguardo o seu cumprimento!

Se este é o momento, não quero ficar de fora. Não tenho medo do novo! Quero viver em abundância, em plenitude, em verdade... Sonho com o Dia em essa consciência vai despertar, e percebermos o tesouro que temos nas mãos, o privilégio que é conhecer Aquele que tudo fez, que tudo é!

Numa pesquisa recente foi constatado que existem no universo visível — isto é, até onde os telescópios alcançam — cerca de 17 centilhões de estrelas... E o Criador de tudo isso nos dá o privilégio de conhecê-lO e de sermos seus filhos-amigos. O que mais posso falar? Apenas agradecer e esperar...

Em Jesus,



Marco

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Aborto: um remédio ineficaz para a angústia humana

Esta semana tivemos no noticiário que a primeira turma do STF descriminalizou a prática do aborto nos três primeiros meses de gestação. Então, a mulher que entender que não deve ter o bebê que foi gerado, até a semana 12, pode então procurar uma clínica abortista e realizar o assassinato, digo, o aborto do feto.
Alguém irá se ofender com o meu “equívoco programado” de confundir as expressões “assassinato” e “aborto”, e talvez se motivará a sugerir novas expressões eufemistas do tipo “esvaziar o útero” ou “encerrar a gravidez”, mas, sinceramente, não vai colar comigo. O que estamos tratando aqui é algo clarividente: a remoção unilateral da vida humana de dentro de um ventre materno.
Eu quero nas próximas palavras tratar da questão humana da gestante, que é o grande aio argumentativo pró-abortista, e que não pode ser subsumida da problemática. A mulher nem sempre engravida sob circunstâncias dignas, naturais.
A mulher, nesta era que coisifica gentes e personifica coisas, é sim objetificada e muitas vezes vítima de assédios que redundam em abusos ou estupros. A mulher, nesta sociedade absurdamente adoecida na sexualidade, é uma grande (se não a maior) vítima da degeneração moral e ética do ser humano, e diariamente corre riscos de lidar com a angústia de uma gravidez jamais sonhada, nunca idealizada.
Temos um desafio pastoral sobre muitas mulheres que, diante da angústia do bebê não sonhado no seu ventre, se situam entre a cruz e a espada do aborto ou da gestação completa da criança que, independentemente do que a sua genitora viveu ou não, culpa alguma tem de estar ali.
Mas, se ignorarmos a alma da mãe que sofre – que lida silenciosa e de um modo agoniante com a dor e o sentimento de estar vazia e só, mesmo estando preenchida por outro ser humano que, a despeito de não poder falar, não a deixa sozinha nem por um instante dessas até 36 semanas – incorreremos no grave erro de, pela nossa indiferença, matarmos a esperança da pessoa violentada e duramente oprimida.
A causa do que sofre é uma causa do Reino de Deus e nós nos importamos, pastoreamos, cuidamos e aconselhamos as mulheres que engravidam por razões da violência e truculência do homem desumanizado, desconstruído de sua originalidade por causa do pecado.
Mas, o grande ponto convergente se dá no outro sujeito da questão que também sofre (e muito), que também é humano, e que também clama pelo direito à vida tanto quanto a mulher: o bebê.
Como se dá o processo de um aborto até 12 semanas? A técnica a ser utilizada neste caso é a de sucção a vácuo. Um aspirador até vinte vezes mais potente que um aspirador de pó, efetua o esquartejamento do feto, arrancando-lhe os membros pela força da sucção, que o mata e “limpa” os restos mortais de uma vez. É este o processo que o STF está considerando “prática lícita” na sociedade. A criança de até três meses de vida, na atual conjuntura da coisa jurídica, pode ser morta pela aspiração hostil que a removerá por completo do ventre materno.
Sendo que todos nós sabemos que este é primeiro “avanço” na abordagem da questão pelo nosso sistema político e judiciário.
Então, muito em breve poderemos ter a notícia de que o feto com até 19 semanas pode também ser abortado (até que cheguemos ao feto com até 36 e depois alcancemos a criança no seu pós-parto, pois há uma questão mais profunda em voga na discussão – a questão do instinto humano de esmagar quem quer que nos atrapalhe). E com até 19 semanas, o método é o seguinte [bem mais complexo]: A criança é desmembrada no útero, com uma espécie de alicate que vai cortando membro por membro até que, enfim, é realizado o esmagamento do crânio e a raspagem que remove o que resta.
Acima de 20 semanas, o método é mais bizarro. Melhor não descrevê-lo.
Nem toda pessoa está apta a assistir um processo de aborto, ainda que seja num feto de até 12 semanas. Não há também como não reconhecer que trata-se de matar uma vida humana, e usurpá-la o direito de adentrar à existência e ter uma história que pudesse impactar a sua geração.
Moisés, o líder do Êxodo hebraico, foi gerado mesmo quando havia um decreto faraônico sobre a nação de que todo bebê hebreu macho sofreria um “aborto” se nascesse, ou seja, se o seu processo gestativo fosse completado. Imagina se a sua mãe Joquebede, aos seus três meses de vida, decidisse abortá-lo? Como seria a história da civilização humana? Não seria a mesma, certamente. E Jesus Cristo? Maria também não podia gerá-lo, de acordo com a cultura de sua época, pois engravidou milagrosamente, estando ela virgem. Já pensou se a Maria decidisse pelo aborto do Salvador?
Essas mães romperam com a angústia e geraram os seus filhos. No caso de Maria, jamais se passaria por sua mente ser mãe naquele momento. Deus, no Éden, utilizou a gestação como um instrumento redentivo sobre a humanidade (Gênesis 3:15).
A gravidez é sagrada na cultura do Reino e a mulher é o símbolo da manutenção da vida, bem como a sua multiplicação e perpetuação. A mulher tem um valor incomensurável para Deus, e a criança no seu ventre é digna do Reino dos céus. Temos de considerar estas coisas ao tratarmos do assunto, de modo que não dá para ignorá-lo na nossa cosmovisão.
Sobre o aborto, não tem escolha: ou você será progressista no sentido de tentar empoderar a mulher e dar-lhe a liberdade plena e soberania sobre o próprio corpo, ou você será conservador e buscará a preservação da criança unido ao cuidado pastoral à mulher que deseja o seu aborto, a fim de que ambos tenham o direito à vida garantido.
Gospel Prime