domingo, 29 de agosto de 2010

O louvor que chega ao trono da graça


INTRODUÇÃO
- Na seqüência do estudo das disciplinas da vida cristã, estudaremos o louvor, um dos elementos de se que se compõe o culto a Deus e que, por sua proeminência, merece um tratamento distinto.
- Embora a ênfase dada pelo ilustre comentarista tenha sido sobre a música, é importante observarmos que a música é apenas um dos aspectos do louvor, que é entendido nas Escrituras como “o fruto dos lábios que confessam o nome do Senhor” (Hb.13:15).
- Neste esboço, praticamente nosso trabalho será simplesmente de compilação de uma série de estudos que têm sido feitos pelo coordenador do Portal Escola Dominical, irmão Sérgio Paulo Gomes de Abreu, que é músico.
I – O QUE É LOUVOR

Colaboração/Gráfico: Enomir Santos
- Louvor, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é “celebração ou manifestação honrosa; reconhecimento de distinção; homenagem, honraria”; “enaltecimento dos méritos de (alguém); apologia, elogio”; “demonstração de gratidão; agradecimento”.
- Na Versão Almeida Revista e Corrigida, “louvor” surge, pela vez primeira, no plural, em Ex.15:11, no cântico de Moisés, quando é dito que o Senhor é “terrível em louvores”, tendo-se aí a palavra hebraica “tehillah” (????), que vem da raiz “h?lal”, cujo significado, segundo T.C. Mitchell, colaborador do Novo Dicionário da Bíblia, é “algo como fazer ruído”, o que já associa o louvor com a música, o que não é de se estranhar pois a primeira manifestação que se tem, nas Escrituras, de gratidão e homenagem a Deus é acompanhada de som, que foi a manifestação dos anjos ante a criação do mundo (Jó 38:7).
- A segunda aparição de “louvor” encontra-se em Lv.7:12, quando se está a falar a respeito dos sacrifícios pacíficos ou ofertas pacíficas, quando se tem a palavra “todah” (????), cujo significado é “gratidão”, “ação de graças”, que tem a raiz “yãdhâ”, cujo significado, segundo T.C. Mitchell, é “ações ou gestos que acompanham o louvor”.
- Vemos, aliás, já nesta passagem bíblica, que o louvor é considerado, nas Escrituras, como um sacrifício e sacrifício é “oferenda ritual a Deus que se caracteriza pela imolação real ou simbólica de uma vítima ou pela entrega da coisa ofertada”, é o um ato que torna algo sagrado, um meio de se aproximar e se tornar favorável a Deus. O louvor é um sacrifício, ainda que seja um sacrifício pacífico, ou seja, não é um sacrifício que se faz por causa do pecado, não é um ato em que se busca o perdão divino, mas um ato em que se apresenta a Deus grato, agradecido, em que se reconhece a soberania e o amor divinos. Por mais de uma vez, fala-se em “sacrifícios de louvores” (Lv.7:12,13,15; 22:29; Am.4:5) ou “sacríficio de louvor” (Sl.50:14, 23), que é associado, em nossa atual dispensação, ao “fruto dos lábios que confessam o nome de Deus” (Hb.13:15).
- Vemos, portanto, que o louvor é um ato pelo qual a pessoa, em paz com Deus, apresenta-se diante dEle para agradecer ao Senhor a sua condição espiritual, a comunhão que tem com o Senhor. O louvor é um sacrifício de paz, ou seja, é um ato, um gesto em que a pessoa humana agradece a Deus porque está com comunhão com Ele, ou seja, não está separado do Senhor por causa do pecado, pois foi justificado na pessoa de Jesus Cristo (Rm.5:1).
- Ser um sacrifício de paz significa, portanto, que o louvor é todo e qualquer ato em que o homem perdoado dos seus pecados vem agradecer a Deus pela sua condição de servo de Deus e isto se dá não apenas pelo entoar de cânticos, hinos e salmos, através da música, mas, principalmente, através da própria vida. Quando o escritor aos hebreus nos diz que o sacrifício de louvor é o “fruto dos lábios que confessam o Seu nome”, está a mostrar que tudo aquilo que fazemos e que confessa que Deus é o nosso Senhor é um ato de louvor a Deus.
- Ser o “fruto dos lábios” não é apenas o cântico, o salmo ou o hino que saia de nossa boca, mas tudo aquilo que não só de nossa boca, mas que se exterioriza em nosso corpo. Como bem ensinou o Senhor Jesus, a boca apenas revela o que está em nosso coração, ou seja, o homem exterior revela aquilo que existe no homem interior e, por isso, o que contamina o homem é o que está dentro, não o que vem de fora (Mt.15:11-20). O louvor é a conseqüência, o resultado de uma transformação interna, operada no homem interior (alma e espírito), o resultado de alguém que tem prazer na lei de Deus (Rm.7:22), que é corroborado com poder pelo Espírito Santo (Ef.3:16).
- A oferta pacífica, na lei de Moisés, era apresentada sempre com bolos e coscorões (bolinhos doces de massa fina) asmos amassados com azeite e que eram fritos (Lv.7:12). Isto nos mostra que todo louvor exige, em primeiro lugar, que haja santidade. O fato de estes bolos e coscorões serem asmos, ou seja, sem fermento, representam que o louvor não pode ser aceito se não for santo, ou seja, se não estiver livre de toda malícia, de toda hipocrisia, de todo engano. Os asmos simbolizam a sinceridade, a verdade (I Co.5:8), são símbolo do próprio Jesus, que é a verdade (Jo.14:6), bem como a própria Palavra de Deus, que é a verdade (Jo.17:17).
- Por isso, não há como louvarmos a Deus senão estivermos em santidade, se não estivermos cumprindo a Palavra de Deus. Não há como se louvar a Deus misturando-se com o mundo, com o “fermento velho”, visto que somos “nova massa” (I Co.5:7). O louvor a Deus sempre se apresenta como um ato diferente, distinto daquele que é praticado pelo mundo, algo que provém de um coração transformado, que não tem mais tudo aquilo que contamina o homem. Não é por outro motivo que o apóstolo Paulo diz que o louvor provém de Deus (Rm.2:29), porque é o resultado de uma transformação operada pelo próprio Deus no coração do homem, que se exterioriza através de atos, gestos que dignificam o nome do Senhor.
- Mas, além de asmos, os bolos e coscorões deveriam ser fritos no azeite(Lv.7:12), ou seja, era necessário que os bolos e coscorões fossem envolvidos pelo azeite, aquecidos e impregnados do azeite. O louvor deve ser dirigido e orientado pelo Espírito Santo. Por isso, o louvor deve ser espiritual, não carnal. O louvor é resultado de uma unção do Santo, não de uma emoção. Fazer atos e gestos para agradar a carne, para satisfazer o ego, para ter emoções não é louvar a Deus, mas, sim, quando se canta e salmodia no coração, por uma operação do Espírito Santo, sem carnalidade, sem sensualismo, temos o verdadeiro e genuíno louvor (Ef.5:19; Cl.3:16).
- Em seguida, o sacrifício pacífico era oferecido e, ao lado dos bolos e coscorões asmos e fritos no azeite, também era oferecido pão levedado. Mas como explicar aqui a presença de pão com fermento, já que dissemos há pouco, que o fato de os bolos e coscorões serem asmos, sem fermento, era um sinal de que se estaria em santidade? Não é o fermento símbolo do mal?
- O pão levedado aqui representa, como na oferta do dia de Pentecostes, o reconhecimento de que Deus é o provedor de todas as coisas, o responsável pela nossa existência e sobrevivência. O fermento representa aqui que Deus tem sustentado a todos e, por isso, devemos ser-Lhe gratos. É uma demonstração da soberania, fidelidade e misericórdia de Deus para com o homem.
- O louvor é dirigido a Deus, é um gesto de gratidão e de reconhecimento do bem que Deus nos tem feito. Por isso, a palavra “louvor” no singular surge, pela vez primeira, na Versão Almeida Revista e Corrigida, em Dt.10:21, quando diz que o nosso louvor é o próprio Deus, onde se vê, uma vez mais, a palavra “tehilah”, de que já falamos supra. Deus é o nosso louvor, porque louvor é um ato de reconhecimento dEle, que provém dEle e deve ser dirigido a Ele. Deus deve ser louvado porque, como diz Moisés no texto mencionado, fez-nos grandes e terríveis coisas que os nossos olhos têm visto.
- Se o louvor é o próprio Deus, dEle provém e é dirigido a Ele, vemos que não pode haver genuíno e verdadeiro louvor que não seja santo, espiritual e que não esteja baseado na Palavra, que é a Verdade, a revelação do próprio Deus ao homem. Isto, desde já, nos mostra como muito do que se denomina de “louvor” em muitos lugares hoje em dia assim não pode ser considerado.
- Mas é interessante observar que, na lei de Moisés, o sacrifício pacífico não podia ser comido senão no dia de sua oferta (Lv.7:15), ou, então, se fosse fruto de um voto ou oferta voluntária, no máximo até o dia seguinte (Lv.7:16). Não se podia comia sacrifício de terceiro dia (Lv.7:18). Isto nos mostra que o louvor deve ser sempre “novo”, ou seja, não é aceito o louvor do passado, aquele ato que ficou para trás. Exige-se que o louvor seja contínuo, feito a cada manhã, a cada dia. O louvor não é feito com a memória, mas, sim, com novos atos, novas atitudes. Por isso, vemos sempre o louvor associado à continuidade, ao novo (Sl.33:3; 40:3; 96:1; 98:1; 144:9; 149:1; Is.42:10; Ap. 5:9; 14:3), porque o louvor é proveniente de Deus que é eterno, que está além do tempo.
- A novidade do louvor nada tem que ver com a “inovação tecnológica”, com as “inovações de ritmo” ou os “modernismos” que temos visto nos dias de hoje. A novidade do cântico, como nos mostram os textos referenciados, tem a ver com a nova natureza do homem, obtida mediante o perdão dos seus pecados na pessoa de Jesus Cristo. O louvor é novo porque provém de uma “nova criatura”, de uma “nova massa”, de alguém que abandonou a malícia, o pecado e o mundo, ou seja, que deixou o “fermento velho”. O “novo cântico” é aquele que resulta de se ter firmado os pés na rocha, que é Cristo, é o fruto da obra de Jesus no Calvário, é uma expressão da santidade do Senhor que passou a habitar no ser daquele que louva. Quem não tem esta novidade de vida (Rm.6:4), seu louvor é abominável a Deus, tal pessoa será extirpada do meio do Seu povo (Lv.7:20,21).
OBS: É incrível o que acontece na prática destes músicos e regentes, que dizem que a Harpa Cristã já era, que dizem ter de sempre buscar coisas novas. Já perceberam como eles são chatos!  Visitamos muitas congregações e constatamos que sempre se toca ou se cantam as mesmas coisas. Passam-se os anos e o disco/cd não muda. Músicas chatas, letras mais chatas ainda, onde um compositor copia a idéia do outro, verdadeiras ladainhas evangélicas. Se não é isto, são as músicas ufanistas. São apenas para lavagem cerebral. Tem um monte delas! Inovar não é o problema, mas a questão se põe quando em muitas igrejas esta se substituindo o ouro, por prata, ou por papelão….Isto não é novo, os antigos já o fizeram como podemos ler em Jr. 2:13.
- Infelizmente, em nossa geração consumista, instantânea e internética, que cultua a “imagem”, que “clama” novidades o tempo todo (Ron Kenoly e Graham Kendrick já são vistos como ultrapassados, imaginem só!), não buscamos os caminhos de simplicidade na adoração conforme ensinado por Jesus. Ele que nunca se iludiu ou Se iludirá com manifestações e aparências externas na forma de religiosidade (Is.1) ou de eventos megalomaníacos para a mídia. Como aprendemos com o príncipe dos pregadores do século XIX, Charles Spurgeon, quem clama por novidades a todo tempo são bodes e não, ovelhas.
- Em o Novo Testamento, a palavra “louvor”, na Versão Almeida Revista e Corrigida, surge, pela vez primeira, em Mt.21:16, mencionada pelo próprio Jesus, que, ao ser louvado por meninos por ter purificado o templo, citou o Sl.8:2, dizendo que da boca dos meninos e das criancinhas de peito vinha o perfeito louvor. “Louvor” aqui é a palavra grega “ainos” (?????), cujo significado é “homenagem”, “honraria”. É uma derivação desta mesma palavra, “epainos” que encontramos em outros textos como Rm.2:29, 13:3; I Co.4:5; II Co.8:18; Ef.1:6,12.14; Fp.1:11; 4:8, I Pe.1:7; 2:14, sendo que, em Hb.13:15, temos outra palavra derivada, desta feita “ainesis”. Em Ap.7:12, a palavra “louvor” é traduzida por “eulogia” (???????), cujo significado, segundo T. C. Mitchell, é de “dizer bem”.
Colaboração/Gráfico: Jair César
-  Na vida cristã, além da exposição pedagógica da sã doutrina e da oração, deve haver a manifestação da Palavra de Deus por intermédio do louvor. A Bíblia afirma que o Senhor habita entre os louvores do Seu povo (Sl.22:3) e, portanto, uma forma de termos a presença do Senhor, que é a Palavra, é através do louvor.
- A primeira coisa que temos de verificar neste ponto é que o louvor é posto depois da exposição didática da Palavra de Deus. Ou seja, embora seja importante, seja, mesmo, indispensável para a vida espiritual, o louvor é um modo acessório de manifestação da Palavra. Primeiro, Paulo afirma, em Cl.3:16, que a Palavra de Deus tem de habitar em nós abundantemente através do ensino e da admoestação e, depois, que a Palavra também deve se manifestar por meio do louvor.
OBS: “…A segunda manifestação da palavra de Cristo ocorre no culto. (…). A passagem ajuda-nos a apreciar a riqueza da hinologia cristã, ainda neste estágio primitivo da vida da Igreja, e a função da música no contexto do culto. Quando tal música se fundamenta na palavra de Deus (i.e., de conteúdo doutrinário), ela definitivamente serve a uma função didática e instrutiva dentro do corpo.” (PATZIA, Arthur G. Efésios, Colossenses, Filemom, p.84).
- Nos dias em que vivemos, a música (nem sempre é louvo) tem tomado, nas celebrações e reuniões da igreja, tempo excessivo, muitas vezes suprimindo o próprio tempo da Palavra de Deus, o que, entretanto, não é o que vemos acontecer na igreja primitiva, onde o ensino da Palavra tinha prioridade. Nós não podemos impor uma liturgia, isto é, um modo de cultuar a Deus, que seja idêntico em todos os lugares, pois muito da liturgia envolve aspectos culturais e que variam de lugar para lugar, de povo para povo, de região para região, mas, apesar de a forma ser diferente, de os costumes serem variáveis, a essência não pode ser modificada e, neste ponto, temos que a prioridade da Palavra de Deus é inegociável, é elemento que não pode ser alterado de forma alguma, pois, como vimos, é fator essencial para o crescimento espiritual da Igreja.
- A primeira forma de louvor mencionada por Paulo em Cl.3:16 são os salmos. Ora, os salmos eram o louvor peculiar dos judeus, o louvor litúrgico do templo e da sinagoga, incorporado às Escrituras. Os salmos falam-nos de louvor feito com base nas próprias Escrituras, com intenção e objetivo de expor didaticamente a Palavra, só que em forma de canto, em forma de música. Os salmos, ademais, tinham uma forma própria de apresentação, que se perdeu no tempo. Eram cantados com acompanhamento de instrumentos, o que deve ser preservado nos nossos dias. Eram entoados tanto pelos sacerdotes quanto pelo povo (como os famosos “cânticos dos degraus” ou “cantos de peregrinação”), de modo que deve haver louvor tanto da congregação como um todo, como de conjuntos corais e vocais.
-  O louvor dos salmos é o louvor de acordo com a Palavra de Deus, em consonância com as regras e os mandamentos dos antigos. Vemos que um dos segredos para que o louvor seja eficaz e alcance o agrado do Senhor é, precisamente, que ele esteja de acordo com a palavra de Deus, que permanece para sempre. Devemos ter muito cuidado com os louvores que são “inovações”, “invenções”, que não se distinguem pelo modo tradicional de se louvar a Deus. A música sacra, ou seja, a música marcada pela santidade, pela separação das coisas do mundo, tem um modelo a seguir, tem um modo a se identificar. Um dos segredos para que o louvor entoado na restauração do templo de Jerusalém no tempo do rei Ezequias foi, sem dúvida alguma, o fato de os sacerdotes e levitas terem mantido o padrão estabelecido por Davi e pelos primeiros ministros do louvor no templo. Deus “havia preparado o povo” (II Cr.29:36), porque os levitas seguiram o “mandado de Davi e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Nata; porque este mandado veio do Senhor, por mãos de seus profetas” (II Cr.29:25), bem como porque ” …os levitas louvaram ao Senhor com as palavras de Davi e de Asafe, o vidente…” (II Cr.29:31). (Ler NC(2)).
- O louvor deve ser feito, portanto, tanto por vozes quanto por instrumentos e tanto com perfeição técnica como com perfeição espiritual. Todas as vezes que vemos narrativas bíblicas a respeito do louvor e dos seus efeitos altamente benéficos para a vida espiritual do povo de Israel, sempre observamos uma conjugação tanto de aprimoramento técnico quanto de aprimoramento espiritual dos cantores e instrumentistas.
- Em I Cr.25:1, Davi, ao separar aqueles que seriam encarregados do ministério do louvor no futuro templo, somente escolheu aqueles que eram “aptos para a obra do seu ministério”. Em I Cr.25:7, é dito que os levitas eram “instruídos no canto do Senhor, todos eles mestres”, bem como no Sl.33:3 é determinado aos instrumentistas que tocassem bem (Sl.33:3), prova de que, já naquela época, exigia-se aprimoramento técnico dos encarregados do louvor na casa do Senhor. É enganoso achar que se pode louvar a Deus de qualquer jeito, de qualquer maneira. Devemos dar o melhor de nós mesmos para o Senhor e isto inclui o estudo persistente seja da técnica vocal e da prática coral, seja do instrumento musical que eventualmente toquemos. Além da freqüência aos ensaios, que são necessários para que haja este aprimoramento, o músico deve, sempre, cuidar para estudar seu instrumento ou seu canto em outros momentos, sabendo que deve sempre fazer o melhor para Jesus.em I Cr.25:3 e II Rs.3:15) ou, então, hinos e cânticos que são resultado de uma inspiração dada pelo Espírito Santo a algum compositor, a exemplo do que ocorre com pregadores e expositores da Palavra do Senhor. (a história da música sacra registra momentos e instantes de experiências místicas e espirituais de compositores, que tiveram como resultado obras-prima da música, como, v.g., a narrativa de experiência tida por Haendel que deu como resultado a obra “Messias”, cujo último movimento é o conhecido “Aleluia”, uma espécie de símbolo da música sacra em todo o mundo).Tanto uma espécie quanto outra de cânticos espirituais estão sob as mesmas regras que as Escrituras prescrevem para os dons espirituais, ou seja, devem ser conferidas e julgadas segundo a Palavra de Deus (I Co.14:32,33,37-40).
- A sexta afirmação é a de que Devemos usar todas as formas de expressão para louvar a Deus, dando aos jovens a liberdade de se expressarem da forma que mais lhe agradam: a dança, as coreografias no templo (o “ministério da dança profética”), afinal está na Bíblia que Israel dançava, e até Davi se alegrou e dançou etc. A esta afirmação, respondemos que podemos concordar se alguém nos mostrar na Bíblia que a dança fazia parte do ritual do culto, que se dançava no templo. Pelo contrário, até hoje não há qualquer ritual nas sinagogas judaicas que envolva qualquer tipo de dança. Na capoeira, para se mencionar uma dança da “cultura brasileira”, para quem não sabe, cada golpe tem o nome de um demônio. Lixo não se lava. Lixo lavado continua lixo. Você vai buscar sua comida na lata do lixo e dá uma lavadinha antes de comer? E é isto que se quer oferecer a Deus?
OBS: T.C. Mitchell menciona, em seu artigo no Novo Dicionário da Bíblia, que a dança estava relacionada com o culto no templo e dá duas referências para tanto, a saber, o Sl.149:3 e 110:4, duas referências completamente erradas, porquanto não dizem respeito a dança ou a ritual do Templo.
- Pelo que verificamos, portanto, muito do que se está a falar e a fazer, em termos de música, nas igrejas, atualmente, não resiste a uma investigação na Bíblia Sagrada. Que devemos, então, fazer?
IV – A GENUÍNA MÚSICA SACRA
- Sendo a música uma forma de louvor e o louvor, uma forma de sacrifício, um sacrifício pacífico, pergunta-se: Será que posso oferecer a Ele uma música, canção que não foi criada para seu louvor? Deus é obrigado a aceitar tudo aquilo que lhe ofereço como sacrifício? Evidentemente que não, visto que, desde a notícia dos primeiros sacrifícios ofertados a Deus, com Caim e Abel, vimos que o Senhor aceitou a oferta de Abel, mas rejeitou a de Caim (Gn.4:5).
- Vimos, em Lv.7:12, que há regras para o sacrifício pacífico. Portanto, todos nós, se queremos ter uma vida disciplinada e tributarmos um louvor agradável a Deus, devemos, como primeira condição, a começar dos músicos, estudar a Palavra de Deus. Os genuínos e verdadeiros levitas na casa de Deus são os que têm, na sua garganta (ou no seu instrumento) os altos louvores de Deus, mas, nas suas mãos, a espada de dois fios (Sl.149:6), que outra não é senão a Palavra do Senhor (Hb.4:12).
- Além de estudar a Palavra de Deus, o músico tem, também, de estudar música, é sua obrigação. Investigue, pergunte a Deus! Ore! Não faça com o ímpio (Sl.10:4). Músico, que rádios você ouve? Muitos “levitas” fazem de seus ouvidos verdadeiras latas de lixo! Jovens estão ouvindo seus mp3 em altíssimo volume, com risco de surdez prematura, impregnando seu cérebro com mensagens demoníacas! Não assistem nem à aula no colégio! São zumbis! No mundo, está em formação uma geração de cidadãos medíocres, que não conseguem pensar, que são incapazes de meditar e tudo isto se consegue, também, no campo espiritual, através desta música profana             que está invadindo as igrejas e ajudando a destruir o povo de Deus.
- O perigo que se vê, nas igrejas locais, na atualidade, é precisamente este. Estão a tomar conta da parte musical e do louvor nas igrejas, pessoas que não têm qualquer conhecimento seja da Palavra de Deus, seja de música. São pessoas que “tocam de ouvido”, que “copiam” o que vêem e ouvem na mídia. Não são “levitas” (como alguns se intitulam…), nem tampouco “músicos”. Não passam de “papagaios” e, pior do que isto, “papagaios” que estão a se copiar o que existe no mundo, que são instrumentos do inimigo, pois estão ali para fazer exatamente o contrário do que se exige no culto racional a Deus, que é a não conformidade com o mundo (Rm.12:1,2).
- Quando se fala em instrumentos do inimigo, podem muitos achar que estamos a exagerar, mas, infelizmente, é a triste realidade. Hoje, os homens buscam novidades a todo custo e o que mais ouvimos no mundo de hoje, é o famoso “já era”.Busca-se o “novo”: a nova unção, a  nova teologia, o novo louvor ( que virou “louvorzão”), o “sobrenatural”. Estamos vivendo o tempo do “não faz mal” em que o inimigo continua seduzindo a muitos. Existem duas estratégias do inimigo para nos tirar do caminho como podemos ver em Gn.3:4-6: a sedução – somos seduzidos por ele que usa nossa própria vaidade e cegar o entendimento do homem. O inimigo quer nos seduzir com novidades, para que desprezemos as coisas verdadeiras que nada mais são que servirmos a Cristo em simplicidade (II Co.11:3).
- O músico deve ter algumas qualidades, que, como nunca, devem estar presentes no louvor a Deus, a saber:
a) sensibilidade natural – Todo músico tem sensibilidade! Do contrário, se ele não tiver este dom natural, imprescindível para exercer seu papel, não pode ser um músico. Este é o primeiro dom natural e é obrigatório. Caso não o possua, deve procurar desenvolver outro talento fora da área musical. Existem vários outros dons que o músico deve ter, sejam naturais ou adquiridos pelo estudo e perseverança, como a percepção, a afinação etc. (Ler NC(6)).
b) sensibilidade espiritual – O músico crente, por ser crente, tem adicionalmente à sensibilidade natural, este dom. Ao contrário do outro, que é natural, este é sobrenatural e só tem aquele que nasceu da água (Palavra) e do Espírito Santo, e é o resultado do profundo arrependimento do pecado, pela ação de convencimento pelo Espírito Santo.
c) discernimento espiritual – este dom, que também não é natural, desenvolve-se pela leitura e a busca pessoal da Palavra de Deus. Devemos ser dirigidos em tudo por Deus.
d) busca do conhecimento – Por este motivo, o músico crente (ou crente músico?) não é levado de  um lado para outro por qualquer influência, ele é guiado pela Palavra e pelo Espírito, e sabe argüir e redargüir. Todo crente músico, obrigatoriamente, tem de conhecer, no mínimo, os fundamentos da música, não só tecnicamente, mas tem também a obrigação de se aprimorar e de se informar. (Ler NC(7)).
- Diante destas qualidades que o músico crente, verdadeiro e genuíno levita, deve observar, podemos elencar uma série de hábitos que o crente músico deve ter, uma espécie de “decálogo do músico”, a saber:
1 – Lê tua Bíblia e a estuda.
2- Ora em teu quarto, agradecendo por tua salvação e pelas bênçãos alcançadas (conhecidas e desconhecidas), pedindo a Deus que guie teus passos e que desenvolva e acrescente teus dons. (Deus autoriza a pedir sabedoria – Tg.1:5).
3 – Está sempre em santificação.
4- Tem reverência pelo culto e pela Casa de Deus. (não fica afinando na hora da oração/pregação)
5 – Estuda a Harpa Cristã ou hinário equivalente. (Ler NC(4)).
6 – Estuda música (fundamentos, teoria, história da música, instrumental, vocal ou coral).
7 – Ouve sempre boa música, bons cd’s, em boas rádios, entrevistas de músicos e maestros, retendo tudo que é bom, como diz a Palavra (I Ts.5:21 “in fine”) e que concorre para teu crescimento. (Ler NC(5)).
8 – Exercita teu instrumento e/ou tua voz.
9 – Assiste a recitais (sessão preenchida por um só artista declamador ou audição de um único artista num só instrumento) e a concertos de boa música (nós somos pela Bíblia, aquilo que projetamos) (convidar a igreja).
10 – Se for regente, tem adicionalmente a obrigação de buscar de Deus a orientação do que teu grupo deve ensaiar, qual hino ou louvor que está na direção da necessidade de tua congregação (aquela dos santos).
- Devemos ter consciência que, em sendo o louvor um sacrifício, Deus não aceita a profanação. Caim cometeu profanação ao oferecer o que não se deve a Deus! Será que não estamos fazendo isto na área musical? O que é profanação? Não fazer diferença entre o santo e o profano!Atenção, músicos e cantores, Deus não aceita nada impuro! (Is.1:11-14). Como se não bastasse isso, mesmo as obras aceitas por Deus serão por Ele avaliadas, segundo a sua qualidade (I Co.3:10-15). Como estamos construindo nossa casa espiritual?
- Queridos, estamos cansados destes autores e arranjadores que nos impõem uma música comercial, totalmente descartável que, no ano que vem, estará totalmente esquecida! Ficamos tristes quando regentes de conjuntos ficam preocupados em colocar o último sucesso da rádio para sua mocidade cantar!Saiba que a verdadeira música sacra é eterna, porque o louvor provém de Deus, que é eterno (Gn.21:33; Is.40:28; Jr.10:10)!
- Preferimos os hinos com letras e músicas reveladas pelo Espírito Santo. Saiba que, atrás de todo hino de hinário tradicional, como os da Harpa Cristã, existe uma história de fé e vida em Cristo! (infelizmente, não se divulgam tais histórias, estamos, mesmo, a perder os registros tão importantes para as gerações subseqüentes…). Querido irmão regente, pesquise, estude, existem milhares de maravilhosos hinos revelados pelo Espírito Santo. Pesquise, estude, ore, peça a Deus orientação!
- E o que faremos então? Renovemos o nosso pacto com o Senhor, como nos dias de Josias, deitando fora tudo aquilo que não agrada a Deus e nos santificando, por meio da Palavra de Deus (II Rs.23:4; Sl.149:6). Tornemos a louvar de acordo com as Escrituras, não nos afastando da sã doutrina, como se fez nos dias de Ezequias (II Cr.29:30). Tornemos a ter reverência com as coisas de Deus, inclusive na casa do Senhor, como nos aconselha o pregador (Ec.5:1). Sigamos uma vida de santificação cada vez mais intensa, como nos recomendam o Senhor na Sua revelação das últimas coisas e o apóstolo Pedro (Ap.22:11; I Pe.2:15) e, certamente, assim fazendo, quando tributarmos o nosso louvor perante o Senhor, veremos a glória de Deus encher a casa (que somos nós, primeiramente, e, depois, a congregação dos santos), como ocorreu na dedicação do templo de Salomão (II Cr.5). Queremos ver a plenitude da glória de Deus?
                                               Caramuru Afonso Francisco e Sérgio Paulo Gomes de Abreu
Notas adicionais dos comentaristas:
NC(1): Por isto não entendemos a febre de muitos músicos que por terem algum conhecimento de ENCORE enveredam no terreno restrito da composição reservado a poucos, julgando-se capazes de criar introduções ao louvor, desfigurando totalmente a mensagem espiritual proposta. Para provar isto, verifiquem que só na segunda frase do hino é que a congregação percebe a melodia que está sendo executada. Ler também NC(8).
NC(2): Para refletir: O Louvor verdadeiro, é Doutrina!
NC(3): Nesta questão não está em jogo a Salvação. Se alguém quiser oferecer a Deus obras de madeira, feno ou palha, que ofereça! Todavia, se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo. (1Co 3:15).
NC(4): Hoje muitos afirmam: os hinários estão ultrapassados. É um atestado de total desinformação musical e de ausência de um mínimo de destreza instrumental. Será que é por que não conseguem ler uma partitura e por isto não podem perceber a beleza destes hinos a quatro vozes? Se os músicos de uma orquestra conseguirem executar com um mínimo de qualidade os hinos como estão escritos nas claves de sol e fá, pouco há a se acrescentar!
NC(5): Em São Paulo a FM 103.3, mundialmente classificada com a melhor rádio   sobre música. Só não tem informação quem não quer: http://www.tvcultura.com.br/radiofm
NC(6): É fácil avaliar a qualidade musical dos conjuntos e músicos: observe à que volume tocam. Sabem tocar piano, reverentemente, ouvem-se as letras dos louvores e as vozes têm primazia? Infelizmente pela influência do rock em nossas igrejas a “cozinha” (eletrônicos+bateria) sempre tentam prevalecer e se impor, até na Orquestra Tom Jobim!
NC(7): O louvor tem sido destruído por músicos sem conhecimento (Os 4:6), tanto da música propriamente como da Palavra (Sl 149:6). Líder de música que não é assíduo aluno da EBD não deveria ter esta responsabilidade na congregação. Como pode julgar as heresias “cantadas” ?
NC(8): O músico quando atinge uma alto nível de especialização numa área do conhecimento musical, passa a ser denominado de intérprete, ou seja busca executar as obras com o máximo de respeito ao autor da obra. Assim sendo estão desautorizadas qualquer adulteração da intenção do autor, e por isto não podemos aceitar os “arranjos” incompetentes e de lamentável qualidade musical que destroem a intenção tanto musical como espiritual dos hinos. É uma das formas de avaliarmos nossos líderes musicais. Isto está acontecendo nas Assembléias de Deus, pois como nossos pastores adotam a Harpa Cristã, então os músicos corrompem as composições impondo-lhes swings e ritmos que só agradam a eles, mas o Espírito fica longe. Vejam como gostam de tocar o HC 304. Verdadeira profanação!
 Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco e Sérgio Paulo Gomes de Abreu

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