quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Vá para a sua casa e ame a sua mulher

Ok, tudo bem. As coisas não estão como gostaria. Eu entendo. Sei também que muitas vezes ela reclama muito, e que nunca está bom…. Eu sei. As vezes você vira a esquina, ou melhor, você acessa a internet no seu Smartphone… e já surge um monte de mulher mais bonita, mais atraente, mais cativante e que mexe com os seus olhos e com a sua imaginação. E aí, você entra num processo denso de “fuga da realidade” e se deixa levar pela oferta da virtualidade. E tudo é tão bonito, tão perfeito… que você até se esquece que as chances disso não ser real são de 99,99%.
Ok, amigo. Você está chateado e desmotivado e talvez tenha umas duzentas razões para buscar uma “novidade” na vida. Estás pensando que isso não vai dar certo, porque o seu amor já não é como o do primeiro encontro ou o do primeiro beijo – na verdade você já está saturado de tudo isso e pensa muito numa possível separação. Só que você afirma pra todo mundo que tem caráter, que é uma excelente pessoa e que valoriza a família. Sugestão: que tal fecharmos esta conta?
Há uma dicotomia aí, provavelmente, em seu coração. Você tem vontades, imaginações e desejos que são parte de uma natureza dialética, que pode tanto produzir o bem quanto produzir o mal, só que você também tem algo real e tangível que é o seu casamento. Você se casou debaixo da benção de Deus, diante de muitas testemunhas e publicamente disse: “eu vou amar esta mulher!”. Então é o seguinte: desista! Vá para a sua casa e ame a sua mulher! Porque é isso que você prometeu, meu caro. É o seu voto! Não tem volta para um voto! Veja o que diz as Escrituras: “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votares e não cumprires.” (Eclesiastes 5.4,5).
Estou te dizendo que você tem inúmeras opções da sua cabeça e uma exclusiva opção que na verdade nem opção o é, pois diz as Escrituras também: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela,” (Efésios 5.25). Você tem o dever de amar a sua mulher. Repito: você tem o dever de amar a sua mulher. Uma vez mais: VOCÊ TEM O DEVER DE AMAR A SUA MULHER!
E talvez diga: “você não entende. Eu já não sinto nada por ela!”. Eu entendo, sim. E te digo: você diz ter um bom caráter, certo? Pessoas com um bom caráter amam as pessoas e não as usam. E a sua mulher é uma pessoa e não coisa, definitivamente. Então você deve amar a sua mulher.
Você vai responder, talvez: “mas isso é ridículo! Não se ama sem sentir, e eu já não sinto mais o mesmo desejo de antes.” Eu tenho uma resposta para este pensamento: Muitas vezes você não tem vontade de trabalhar, não se “sente bem”, mas vai. Sabe por quê? Porque você não vive sem dinheiro, porque o dinheiro importa para você e porque sem dinheiro o Estado acaba contigo.
Então você vai. Deixa eu te dizer uma coisa: vá para a sua casa e ame a sua mulher, pois se não fizer isso, não terás o caráter bom que diz ter; logo, não poderá viver a liberdade de uma vida vivida com integridade e ainda serás infeliz todos os dias da sua vida, mesmo sendo rodeado de amigos, mulheres, bens e lazer, fora o dinheiro. Pois tem coisas na vida que não se compram e ninguém pode dar a não ser a sua família. Quando você diz que não sente o suficiente para amar a sua mulher, está na verdade dizendo que o dinheiro, o prazer, o lazer e as pseudo-amizades são mais importantes do que a sua mulher, mas eu e você sabemos que isso é mentira. E homens de bom caráter odeiam a mentira.
Por fim, o meu recado para ti é: amar a esposa é um mandamento e não uma opção. É um ato da vontade, uma escolha. Tem que ser homem para desejar muitas mulheres, mas tem de ser muito mais homem para amar uma mesma mulher, para sempre. Que Deus te abençoe nesta linda missão, a sua missão, que também é a minha.
Gospel Prime

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Pregação em declínio, púlpitos em crise e igrejas sedentas

A pregação se esvai dos púlpitos a cada dia. Já não vemos, com frequência, pregações centradas nas Escrituras, expostas com organização, isto é, de maneira inteligível ao público. O que vemos é um analfabetismo bíblico tanto dos pregadores como do povo em geral. Pregações sem compromisso com a verdade; sem sistema organizacional algum, isto é, com início, meio e fim. O que se nota – não generalizando – são exposições que começam no sul e acabam no norte. Pregações sem hermenêutica, fundamentadas na emoção.

Pregação em declínio

Por observar o quanto tem caído a “qualidade” da pregação, propus refletir sobre a temática, por ser a pregação uma ferramenta de suma importância para a vida e o crescimento da igreja.
Deus, em sua sabedoria, deu à igreja homens com dotação especial para edificação do corpo de Cristo (Ef 4.11). Percorrendo a Escritura, é sabido que Deus vocacionou pessoas. E dos vocacionados se requer esmero (2Tm 2.15; Rm 12.7). Por isso, a posição assumida pelo pregador diante de Deus, Sua Palavra e da igreja a qual se dirigirá, é de fundamental importância.
Ao manusear o texto bíblico, veremos também a importância da pregação (neste caso, evangelística) na ordem expressa do Cristo, ao comissionar seus discípulos para anunciarem o evangelho: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém! (Mt 28.19-20 – ARC). Marcos, ao redigir o texto conhecido como “A Grande Comissão”, escreve: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15 – ARC).
Acerca dos textos citados acima, vejamos: “Na grande comissão, dada por Jesus a seus discípulos, segundo o registro de Mateus 28.19-20 temos configurada a função de mestres (fazer discípulos), mas segundo o registro de Marcos 16.15, a configuração é a de pregador (pregai o evangelho)”. [1]
Sendo assim, sem uma pregação de qualidade fica debilitada a tarefa da igreja de edificar seus membros como também de comunicar as verdades do Evangelho aos que, ainda, não nasceram de novo.
Cabe ressaltar o que diz o texto bíblico: “Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?” (1Co 14.8 – ARC). Neste versículo, podemos entender que, sem clareza ao se expressar, a palavra do pregoeiro fica sem objetivo.

Púlpitos em crise

Nesse sentido, a falta de consagração e habilidade do pregador é, em geral, denunciadas por sua exposição, testemunhando, assim, contra si mesmo. Precisa-se de pregadores urgente, não de animadores de plateia. Chega de tanta emoção. Os púlpitos estão em crise; neles são poucos os que assumem compromisso com Deus, com Sua Palavra e com os ouvintes.
Vale salientar que, quando “o púlpito perde seu poder”, certamente, a igreja sofrerá prejuízo.  Sem pregadores ungidos, cheios do Espírito Santo, de nada adiantará o domínio de disciplinas teológicas como a hermenêutica e a homilética.
Dessa forma, podemos assim resumir a importância de se ter pregadores com uma mensagem cheia de poder e graça: “A Presença da mensagem inspirada é fator de fundamental importância para o crescimento da igreja (conversões), para o seu maior conhecimento espiritual (firmeza doutrinária) e para o aperfeiçoamento do seu corpo (consagração de cada crente)”. [2] Do pregador se espera preparação nos estudos e na oração, para que seus sermões sejam inteligíveis e cheios de poder. Sem isso, não há êxito na pregação do evangelho.

Igrejas sedentas

O resultado da falta de esmero nos estudos e da consagração do pregador são igrejas sedentas, pois estas não estão sendo alimentadas com a Palavra de Deus. A igreja sem o alimento nutritivo das Escrituras perde a saúde e o vigor espirituais. Ovelhas não vivem sem pastos verdejantes, nem sem águas mansas e cristalinas.
Sabemos, entretanto, que existem igrejas com ouvidos viciados, que gostam de se alimentar de “coisas velhas”. Se contentam com os chavões dos pregadores e ensinadores modernos, com as famosas frases de efeito, do tipo: “Eu tenho uma palavra profética para sua vida!”, “Receba aí algo de Deus!”, “Você foi chamado pra ser cabeça e não calda!”. Mas, em meio a essa avalanche de pregações e ensinos falsos, existem aqueles que estão sedentos por ouvir a verdade, a voz do Eterno.
Conclusão
Não foi nosso intento esgotar a temática, mas lançar luz sobre o assunto e fomentar a reflexão sobre a qualidade da pregação, e como esta influência de forma positiva ou negativa a vida da igreja. Em geral, percebo nossos “púlpitos em crise”. E, infelizmente, como resultado disso, igrejas e mais igrejas permanecem sedentas pela Palavra. No entanto, há nesse meio, aqueles cristãos viciados por jargões que traz em sua essência doutrinas estranhas como: confissão positiva, teologia da prosperidade e humanismo, etc.
Somos cônscios do estado atual que vive a igreja brasileira. E, por via de regra, seu estado não é dos melhores. É preciso resgatar sua saúde e vigor espiritual através do ensino sadio das Escrituras. É preciso orar para que o Senhor da seara mande mais despenseiros fiéis, que não sonegam o ensino nutritivo da Palavra de Deus.
Gospel Prime

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

A teologia do sentimentalismo

Muito se fala e há muita crítica no meio gospel a respeito das heresias da Teologia da Prosperidade e também sobre a Teologia da Missão Integral que usa o evangelho como ferramenta de implantação de uma cosmovisão socialista. Mas hoje quero falar sobre uma variante destas deturpações, uma heresia que eu chamei de ‘Teologia do Sentimentalismo’ e que nada mais é do que outra releitura humanista do cristianismo.
Já não bastasse o constante ataque à virilidade nas igrejas que tem criado uma geração de cristãos frouxos e passivos que chegam a pedir desculpas por estarem falando a verdade, agora a moda é premiar todo e qualquer sentimentalismo barato criando uma visão de mundo em tons pastéis que nada faz além de colocar os fiéis numa realidade paralela aonde o lobo e o cordeiro são amiguinhos e vão juntos ao mercado comprar comida gourmet vegana.
Na Teologia da Prosperidade há uma redução de Deus colocando-O num papel de mero resolvedor de problemas financeiros do ‘fiel’. Já na Teologia do Sentimentalismo, Deus é reduzido a um resolvedor de problemas emocionais, alguém que te diz que você é o máximo, é lindo(a) e confiante, e que se as pessoas não reconhecem isso elas são feias e bobonas.
E nessa trama de filme de adolescente insegura, está surgindo uma pregação aonde não existe inferno, não existe consequência de pecado, aonde não se pode dizer ao mais escancarado pecador que se ele não abandonar sua vida de pecados ele está a caminho da condenação eterna porque talvez você pode ‘ferir os sentimentos dele’.
No mundo purpurinado da Teologia do Sentimentalismo, a pessoa pode viver uma vida de devassidão 24h por dia e no domingo à noite receber sua dose semanal de “Não aceita ninguém te dizer que você é feio tá bom? Você é lindo demais e qualquer um que porventura aludir que talvez você esteja errado é um legalista, intolerante, inquisidor.
Você é perfeito! Agora pode ir para casa e tentar ser bonzinho e se por acaso você não conseguir ser o melhor filhinho de mamãe essa semana, domingo que vem eu vou continuar a te tratar como a alma mais pura e virgem do mundo.” . E nesse ambiente sentimentalista insano qualquer um que tentar viver uma vida de santidade é taxado como fanático, legalista, quadrado e, ou acaba por se dobrar ao modo de vida do grupo para parecer descolado (“Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus.” Jo 12:43) ou a viver isolado porque não suporta mais tentar conversar com os membros da igreja e ser inundado por uma enxurrada de bobagem emocionalista.
Às vezes fico pensando como os adeptos da Teologia do Sentimentalismo reagiriam se conhecessem os personagens bíblicos no seu contexto original. Qual seria a reação deles ao verem ao vivo Jesus expulsando os mercadores do templo, chamando algumas pessoas de ‘víboras’ e ‘raposas’, ao verem Paulo aconselhando os membros da igreja para ‘entregarem ao diabo’ um ‘irmão’ que havia fornicado e repreendendo-os por ainda tolerarem isso no meio deles (não é possível ver isso ao vivo mas é possível ler o relato de tal fato em 1 Co 5).
João, conhecido como o ‘discípulo amado’, começa a sua segunda carta com um belo texto sobre como devemos amar uns aos outros, mas já no versículo 10 orienta que os falsos cristãos que não preseveravam na doutrina de Cristo e eram enganadores pregando uma falsa doutrina não fossem recebidos na casa de ninguém da congregação, João vai ainda mais além e orienta que os membros nem sequer saudassem os enganadores. Na cabeça dos sentimentais fica a pululando a aparente contradição ‘como pode João falar do amor verdadeiro e depois dar uma orientação dessas?’.
Eu não consigo entender esse “amor” que prefere arriscar deixar o pecador sofrer eternamente do que confrontá-lo no seu erro correndo o risco de, no máximo, deixá-lo ofendidinho por algum tempo. Para mim isso não passa de uma atitude extremamente egoísta de um cristão que prefere deixar seu semelhante atolado num lamaçal de pecado do que perder o seu glorioso selo de ‘politicamente correto’ que garante curtidas no Instagram e rostinho felizes no facebook.
Eu não consigo entender um meio cristão aonde a sua opinião a respeito de Bolsonaro pode causar mais escândalo e ostracismo do que a prática deliberada de fornicação entre os membros, aonde curtir qualquer vídeo do Malafaia causa mais alvoroço do que flagrar dois membros se emaranhando no fundo da igreja.
“Seja, este tal, entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus. Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?”
1 Coríntios 5:5,6
A repreensão e correção eclesiástica tem o papel de salvação tanto para o pecador quanto para aqueles que são influenciados por ele. Salvação para o pecador porque uma das funções da igreja é ser a luz do mundo, é mostrar para aqueles que estão nas trevas que este caminho de engano resulta em condenação.
E a repreensão também traz salvação para a congregação porque uma pessoa que vive no erro influencia os seus irmãos a irem por um mau caminho. Em todo o meu convívio nas igrejas pelas quais passei pude verificar na realidade dos fatos que, sem exceções, quem poupa o lobo sacrifica as ovelhas.
Gospel Prime

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

A ALMA PRESA ENTRE A NEUROSE E A PARANÓIA

Não há nada mais horripilante para a alma do que ter que se fazer merecer aos olhos de Deus!

Também não há nada mais sedutor para alma que o poder fazer-se merecer aos olhos de Deus!

Aí está a alma: entre a Paranóia e a Neurose, em si mesma.

A queda nos plantou nesse chão psicológico da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Id e Superego — e “você” entre eles em conflito.

A Lei acentua ambas as “forças em conflito”, pois opera reforçando-as como tais.

Somente a Graça desmobiliza ambas dentro de nós, e isso na medida em que a pessoa se apossa, pela fé e com confiança, de Todo o Bem Já Realizado em nosso favor na Cruz e na Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo.

Sem a Graça, não há terapêutica em nenhuma terapia. Haverá apenas análise, mas a cura só vem com a Graça que abraça e beija a verdade — e não despreza a alma após fazê-la conhecer-se.

Sem a Graça, quando a alma conhece a alma, isso gera psicose, mas jamais libertação. Verdade que liberta só é vista na Graça de Deus em Cristo!

Somente na Cruz minha autopercepção não neurotiza, pois na mesma medida em que eu me conheço, em igual medida conheço também o amor de Deus.

Ser honesto com a Queda é o caminho para ser honesto e franco com a verdade da Graça de Deus. Assim como abundou o pecado — seja como expressão visível, seja pela percepção interior —, assim também superabundou a Graça. Desse modo, em Cristo, o conhecimento do pecado pela Lei deveria nos remeter direto para a Lei da Graça.

Ora, isso só acontece se o coração não tiver justiças próprias. E não há como o coração ter desistido dos disfarces da justiça própria senão pela fé em que Deus é bom e haverá de aplicar sua Bondade sobre aquele que crê. Sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que dEle se aproxima creia que Ele existe e que se torna o galardoador de todo aquele que O busca.

Essa fé só opera como confiança na Graça de Deus.

Caio

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Características da falsa piedade

Há um texto interessante no Evangelho de João, em que Judas, o traidor, ao ver Maria, irmã de Marta e Lázaro, ungir os pés de Jesus com Nardo e enxuga-los com seus cabelos, perguntou porque não se vendeu o óleo – muito precioso à época – e o dinheiro se repartiu com os pobres (Jo. 1:1-8). A resposta de Jesus é interessante. Apesar de João, no Evangelho, afirmar que Judas não se preocupava com os pobres, mas queria na verdade roubar a bolsa (pois era o tesoureiro do grupo dos discípulos), o que nos faz imaginar que Jesus deveria saber as reais intenções de Judas, ainda assim ele não responde segundo a intenção maligna do falso discípulo, ou seja, repreendendo-o, mas afirma que o que Maria lhe fizera era fruto de honra e os pobres, se quisessem mesmo ajuda-los, sempre os discípulos os teriam. Não sei de melhor exemplo bíblico acerca da falsa piedade.
Particularmente, penso que só se descobriu que Judas era ladrão após sua morte, do contrário, teria sido destituído da função de tesoureiro ainda em vida. Ninguém teria “provas” contra Judas enquanto ele fora o tesoureiro, portanto. Mas, o que importa mesmo aqui é o ensino sobre a percepção espiritual. A falsa piedade é um mal antigo que sempre esteve presente no meio da Igreja, como um parasita, uma chaga que teima em se manter aberta. O pior é que as pessoas sabem de sua existência e até dos males que provoca, mas poucas pessoas percebem pontualmente sua ação. Contudo, a partir do exemplo de Judas, podemos elencar alguns aspectos do que podem ser sinais indicadores da falsa piedade tentando angariar aliados para seus propósitos funestos.
Uma das características que se nos salta os olhos no texto de “João”, e que parece entrar em consonância com os demais exemplos corriqueiros do mesmo mal, é o fato do falso piedoso falar em nome ou por aparente defesa de determinado grupo. Judas, no caso, falou em nome dos “pobres”. Este foi o grupo escolhido diante do qual pudesse posar de defensor. Mas poderiam ter sido as viúvas, os paralíticos, os leprosos, etc. O grupo em si não importa; o que importa é como é usado. Normalmente, o falso piedoso assenhora-se de determinado grupo, falando em nome do mesmo. Geralmente é um grupo mais necessitado, e por isso mesmo mais suscetível a aceitar as assertivas do falso piedoso: se pobres tivessem ouvido a argumentação de Judas, tenderiam a apoiá-lo de imediato, não sabendo que estavam apoiando, na verdade, um ladrão traidor.
Outra característica importante do falso piedoso é a capacidade de falar as coisas aparentemente certas nas horas certas às pessoas suscetíveis. A Bíblia, no texto, diz-nos simplesmente que “Judas perguntou…”. Bem, com certeza foi a alguém. E é mais certo ainda que sua argumentação foi direcionada a pessoas suscetíveis, ou seja, àquelas que ele sabia, por instinto, que tenderiam a receber, sem nenhum tipo de crivo, a sua crítica. Judas não comenta uma semana depois do acontecido, mas, ao que tudo indica, na hora em que Maria está enxugando os pés de Jesus com seus cabelos.
Ele, provavelmente, perguntou inclusive à própria Maria, pois a principal motivação do falso piedoso é desvirtuar a genuína piedade dos piedosos. Judas ainda tinha um agravante, que era o fato de ser ladrão e, talvez, quisesse que Maria ofertasse algo ao grupo dos discípulos para que ele, depois, roubasse da coleta. Mas, o fato que fica claro é a tentativa de desvirtuar o ato nobre, espiritual e de reconhecimento de Maria da pessoa de Jesus. Os que tentam desvirtuar as boas e nobres ações, sob pretextos diversos e por mais racionais e justificáveis que pareçam, o fazem por sentimentos escusos, sombrios, e não pouparam nada nem ninguém no seu objetivo de concretizá-los.
Por fim, outro sinal do falso piedoso, a exemplo do texto, é justamente parecer piedoso aos olhos de suas vítimas. Sim, como um sociopata, o falso espiritual é alguém que age camaleonicamente. Este tipo de ação, de adequação ao meio, moldando-se àquilo que as pessoas querem ouvir é, se não a maior, uma das maiores e mais fortes facetas de sua personalidade. Sabedor do fato de que nós, seres humanos, temos problemas inerentes à nossa natureza quanto à liderança – principalmente a espiritual -, não é de admirar que os falsos piedosos valham-se desta fraqueza humana para usá-la em benefício próprio.
Na frente das demais pessoas, o falso piedoso é um genuíno defensor dos preceitos cristãos. Aparentemente, suas colocações, suas assertivas e ênfases são vistas como as de uma pessoa que realmente se preocupa com as demais, que estão bem intencionadas e que pensam sempre de forma coletiva. Ledo engano. Suas palavras e ações, se observadas mais acuradamente, dividem, enfraquecem, afastam de alvo divino, fomentam a discórdia, enchem os corações de dúvidas, desconfiança, rancor e, por fim, fazem com que o homem se levante contra o próximo.
A Bíblia nos alerta quanto a este tipo de pessoas, as quais não estão cheias de Deus, mas de si. Engodadas e ludibriadas por elas próprias, mentem para si mesmas, achando que  sempre escaparão da justa condenação de Deus. Enganam-se miseravelmente. O próprio Deus, em sua Palavra, inspirou homens a escreverem sobre o que Ele mesmo sente diante de quem vive assim. Não importa o mal que faça e a quantos engane, o falso piedoso jamais enganará a Deus e, para todo o que age e insiste em continuar vivendo uma espiritualidade enganosa, desprovida do Espírito que aparentemente professa, cabe lembrar das seguintes palavras do livro de Salmos:
“Socorro, SENHOR! Porque já não há homens piedosos; desaparecem os fiéis entre os filhos dos homens. Falam com falsidade uns aos outros, falam com lábios bajuladores e coração fingido. Corte o SENHOR todos os lábios bajuladores, a língua que fala soberbamente, pois dizem: Com a língua prevaleceremos, os lábios são nossos; quem é senhor sobre nós? Por causa da opressão dos pobres e do gemido dos necessitados, eu me levantarei agora, diz o SENHOR; e porei a salvo a quem por isso suspira”, Salmo 12:1-5.
Gospel Prime

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Você está abatido na sua fé?

por Leandro Bueno
O exílio ou cativeiro babilônico é o termo utilizado para chamar o exílio dos judeus do antigo Reino de Judá para a Babilônio, no período de Nabucodonosor II, sendo descrito pelos profetas do Antigo Testamento, Jeremias, Ezequiel e Daniel.
A primeira deportação iniciou-se em 598 a.C., quando Jerusalém foi sitiada e o jovem Joaquim, Rei de Judá, rendeu-se voluntariamente. O Templo de Jerusalém foi parcialmente saqueado e boa parte da nobreza, dos oficiais militares e dos artífices, inclusive o rei, foram levados para o Exílio em Babilônia. Zedequias, tio do Rei Joaquim, foi então nomeado como rei vassalo por Nabucodonosor II.
Ocorre que, 11 anos depois, em resultado de nova revolta no Reino de Judá, temos a segunda deportação em 587 a.C. e a consequente destruição de Jerusalém e seu Templo.
É neste momento de total desespero que Jeremias, mergulhado nas profundezas de sua alma, escreve em Lamentações 3:21, um dos versículos bíblicos para mim mais instigantes, quando disse: Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.
Trazendo isso para os nossos dias, temos vivido tempos maus, onde uma sucessão aparentemente infindável de tragédias e acontecimentos têm deixado muitos atordoados, quando não fraquejados em sua fé, com uma tendência a cair no ceticismo ou viver um cristianismo pautado no cinismo.
Situações como o da tragédia dos refugiados, morrendo ao longo do Mar Mediterrâneo quase todos os dias, com a indiferença de boa parte do mundo. Ou o furacão Matthew que na última semana devastou boa parte do Haiti, passando despercebido pela grande mídia, sem nenhuma comoção como quando mataram os editores do Charlie Hebdo ou da boate GLBT em Orlando. Isso quando várias tragédias pessoas e familiares não se avolumam.
Aí, você começa a se perguntar, se você é daquelas pessoas que realmente se importam na forma como o mundo anda, com coisas do tipo: Qual o propósito disso tudo? Onde estava Deus nestes eventos? O que a minha fé pode dar de resposta a essas tragédias humanas?
E aí, que é essencial, como li recentemente em artigo de Priscila Viégas Duque, que o que não nos deixa sucumbir de vez é lembrar das misericórdias de Deus em nossas vidas, de sabermos quem Ele é em nossa existência.
“As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade” (v. 22). A palavra misericórdia, que em hebraico é “hesed”, pode ser traduzida por “aliança de amor” ou “amor imutável”. Diante de tanta adversidade, parece muitas vezes que não há mais esperança, mas Jeremias lembrou que a “hesed” de Deus ainda permanecia sobre seu povo.
Ademais, a confiança em Deus nos permite aceitar o que estamos vivendo em nossas vidas e o que virá, sendo que essa atitude não é o fatalismo, como vemos em algumas crenças, mas, sim fé. Ficamos em silêncio não porque não há o que dizer, mas porque sabem que Deus nos atenderá a seu tempo e a seu modo.
Creio que somente quando abrimos esse nosso olhar para Deus é que conseguimos ver além das circunstâncias deste mundo. Se não temos essa visão, nossa tendência natural é cair no ceticismo ou não ver sentido nenhum na sucessão de fatos que vão se amontoando dia após dia. Que Deus possa estar renovando nossa fé. Amém.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Depois entenderás

por João Paulo Souza
Antes da festa da Páscoa, estava Jesus e seus discípulos tomando a Ceia num lugar reservado, quando, de repente, o Mestre levantou-se, tirou sua vestimenta de cima, pegou uma toalha e cingiu-se com ela. Depois colocou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha. Que cena era está? Uma cena típica de um escravo lavando os pés de seus donos. Parece impactante para você essa atitude do Senhor? Creio que sim.
Durante o exemplo humilde de Jesus, Pedro se escandaliza: “Senhor, tu me lavas os pés a mim?” (Jo 13.6). Imagino Pedro pensando: “O Mestre está fora de si! Como pode Ele agir como um escravo? Será que ele não compreendeu que um rabi não pode fazer isso?!” Ao que Jesus lhe disse: “O que eu faço não o sabes tu agora; compreendê-lo-ás” (Jo 13.7).
Teimoso, ao ouvir o que não queria da parte do Deus que tudo sonda e sabe, o discípulo valentão dispara: “Nunca me lavarás os pés” (Jo 13.8). Ao ouvir este desaforo de Pedro, o Mestre retruca: “Se eu não te lavar, não tens parte comigo” (Jo 13.8). Após esta dura palavra, o homem que haveria de negar o Filho de Deus por três vezes, arria as “armas”, pedindo para que Jesus lavasse os seus pés, mãos e cabeça: “Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça” (Jo 13.9).
Amados, assim como Pedro, devemos arriar nossas “armas”, e deixar que Cristo governe a nossa vida por inteiro. Ele, o Senhor, sabe o nosso futuro.
À propósito, você já deixou Jesus lavar os seus pés? Ou será que os seus pés ainda estão por lavar? Se você está titubeando na fé, lembre-se das palavras de Jesus: “O que eu faço não o sabes tu agora; compreendê-lo-ás depois” (Jo 13.7).