quinta-feira, 2 de agosto de 2018

ANTES QUE SEJA MODA FALAR EM GRAÇA

Escrito em 2003 e atualizado em 11 de novembro de 2003

Depois que o www.caiofabio.com estava no ar há quase 1 ano, percebi que havia o risco de que os até então judiciosos e legalistas, porém disfarçados de intelectuais, não resistiriam a verdade indisfarçável da Palavra da Graça, a qual andava em silêncio entre os ‘evangélicos’, posto que o que estava reinado era a apatia, a melancolia, a impotência frente os Neo-Pentecostais, e meras e cansativas repetições de suas inativas amarguras.

Sempre soube que os “lobos” não estariam “nem aí”, mas que os mais pensantes não resistiriam à verdade inapelável da mensagem. Para mim estava mais do que claro que logo, termos como ‘graça’, ‘misericórdia’, etc., estariam sendo adotados sem que os que vissem tais expressões tivessem de fato, espiritual, emocional, afetiva e existencialmente algo que lhes virasse as vísceras.

Hoje vejo com clareza que aquilo que disse que aconteceria está acontecendo. E não fosse pelo fato de que sei que até agora trata-se apenas de uma ‘re-atualização’ de vocabulário, e não uma conversão radical, com as rupturas inevitáveis que a fé no Evangelho gera, porém, tão-somente como adaptação de termos aos velhos conteúdos.

O que escrevi em 2003 esteve aqui no site todo esse tempo, e muitos o leram. Aqui o repito, e por uma só razão: desejo que todos entendam a Palavra da Graça, mas me insurgirei contra os modismos que adotam as expressões como verniz e fachada, mas não mudam o sentir da pessoa; ao contrário, apenas colocam-na numa situação ainda pior, visto que confessa com a boca o que não deixou entrar no coração. E pior ainda: não deixam que a mensagem se encarne na vida.

O texto de 2003 é muito simples, e aqui segue transcrito. Assim, eu disse sobre o perigo da Graça virar "graça", ou seja, mais um 'mover' que apenas impede a verdade de se instalar, pois fica condicionada pelas exterioridades sem relação com a vida interior.

1. Saiba que você não está falando de uma doutrina, mas da essência de tudo o que é e existe.

2. Saiba que você está crendo naquilo que faz você crer no que você não é.

3. Saiba que você está confessando que todo o bem que é em você não é seu; assim como você não nasceu de si mesmo.

4. Saiba que você está se entregando ao projeto mais radical da existência, pois não há meia-Graça, só há Graça. Graça é plenitude, pois é dela que se originam todas as coisas: do Cordeiro imolado antes que houvesse mundo.

5. Saiba que você está se entregando à Soberania de Deus, e que na Graça cessam todas as discussões; afinal, não há o que discutir, pois tudo provém de Deus.

6. Saiba que você está abrindo mão de discursos e mergulhando em algo que só se valida como bem, se tiver acontecido em você como demonstração de misericórdia e acolhimento para com o próximo.

7. Saiba que você está assumindo a total vulnerabilidade, e o caminho no qual as coisas que são, são aquelas que não são; e a vereda na qual o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza.

8. Saiba que sua vida não poderá falsificar essa mensagem, pois mais cedo o mais tarde as pessoas verão se a Graça na sua boca é doutrina ou se ela é vida que expressa amor.

9. Saiba que você está desistindo de toda perfeição, mas está se comprometendo com toda sinceridade e com a perseverança de conquistar aquilo para o que você já foi conquistado por Cristo Jesus.

10. Saiba que haverá muitos usando a palavra Graça—e que ela também corre o risco de virar a moda mais recente—, e que a fim de não corrompê-la como verdade, não poderemos admitir que ela não de comporte como amor e misericórdia.

A Graça e a Verdade se beijaram em Jesus, e Ele é a Encarnação do Deus de toda Graça. Nele somos salvos; Nele temos também nosso único Modelo de Graça a ser buscado sem neurose e sem ufania.

Na Graça não já jactância, mas tão somente Gratidão!

Caio
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Ora, em 2003 foi isso que aqui escrevi, e hoje tal advertência está mais atual do que nunca antes.

NEle, que não é moda, mais modo de Ser,

Caio

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