Vamos por parte, primeiramente com relação ao cortar o cabelo. Jesus nunca falou sobre esta questão.
Em Mateus 10.30 se diz: “E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.” O que o Mestre queria enfatizar aqui era o cuidado de Deus para conosco, a ponto de saber
 quantos fios de cabelos temos em nossas cabeças. Utilizar este 
versículo como justificativa para proibir o corte de cabelo é no mínimo 
um completo desconhecimento hermenêutico. E tem mais, se cortarmos o 
cabelo, o número de fios continuará o mesmo, embora mais curtos, 
fazendo, assim, sucumbir esta teoria.
Em I Coríntios 11.4-6; 15
“Todo o homem que ora ou 
profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. Mas 
toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a 
sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada. Portanto, se a 
mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é 
coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu…
 …Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu.”
 Corinto era uma cidade portuária cosmopolita, ou seja para ela afluíam pessoas de quase todos os países do mundo
 antigo conhecido, principalmente gregos, romanos e judeus. Havia também
 na cidade uma miscigenação muito grande de raças e culturas, bem como 
religiões.
A cidade fornecia um sem número de opções de divertimentos e 
manifestações culturais. Havia lá um anfiteatro construído pelos Romanos
 que comportava aproximadamente 20.000 espectadores. O famoso templo de 
Afrodite, a deusa da sensualidade, lascívia e com a prostituição 
cultural alojava  mais de 1.000 prostitutas.
Como visto, a cultura
 de Corinto não tinha um viés judaico, mas grega e era muito 
influenciada pelos viajantes romanos que lá passavam. Sendo assim, a 
forma dos coríntios se vestirem, comerem e de agirem era completamente 
diferente dos judeus.
Gospel Prime 
sexta-feira, 25 de agosto de 2017
quinta-feira, 17 de agosto de 2017
A ÁRVORE DO CONHECIMENTO DO BEM E DO MAL ERA UMA ARMADILHA?
Meu amado amigo: A Árvore da Vida será dada ao que Vencer! Responderei às suas questões dentro de seu e-mail. Volto ao final. 
Original Message
From: A ÁRVORE DO CONHECIMENTO DO BEM E DO MAL ERA UMA ARMADILHA? 
Sent: Thursday, April 15, 2004 7:55 AM 
Subject: A ÁRVORE DO CONHECIMENTO DO BEM E DO MAL ERA UMA ARMAdilha?
Rev. Caio, 
O
 site continua maravilhoso; é uma ambiência de Graça e profundo 
compromisso com a Palavra que sai da boca de Deus. Gostaria que o senhor
 pudesse me responder algo que ouvi do meu pastor.
Ouvi
 um sermão dele em que ele dizia que a árvore do conhecimento do bem e 
do mal tinha algo como que um fruto envenenado; tal qual a maçã que a 
Branca de Neve comeu. Minha pergunta é: 
1-      Por que Deus colocaria uma armadilha no jardim para contribuir com a desgraça humana? 
Resposta:
 Deus a ninguém tenta. Cada um é tentado pela sua própria cobiça. 
Todavia, não haveria liberdade se não pudesse haver a “escolha”.
Liberdade
 sem escolha é tirania. Aquela “árvore” era uma porta de escolha. E não 
havia nela uma droga especial, um alterador de consciência. Não! A droga
 nunca esteve fora do coração, mas na farmácia da alma.
A
 “árvore” poderia ser até um pé de saputi... Que o resultado seria o 
mesmo. A Árvore do conhecimento do bem e do mal tem na “árvore” a sua 
simbolização; pois, de fato, o fruto dela só viraria fruto de morte se 
comido com medo e culpa.
Se
 Adão e sua mulher tivessem comido sem saber que aquela era a “árvore”, 
nada lhes teria acontecido; apenas voltariam para “casa-jardim” de 
barriga cheia.
Portanto, não foi “árvore” que gerou a “queda”, mas a transgressão; e isto aconteceria até com manga-rosa. 
2-      Seria o caso de que aquela árvore e seu fruto poderiam em algum tempo virem a suprir o homem? 
Resposta: Ora, seja para o bem, seja para o mal, nós comemos do fruto dessa “árvore” todos os dias. O
 fato é que houve a Queda. Mas, misteriosamente, ela aconteceu, pela 
Graça do Cordeiro imolado antes da Fundação do Mundo, como uma queda 
para cima.
Afinal, se o Éden fosse o ideal da existência, não estaríamos indo para a Nova Jerusalém; mas sim para o Novo Éden.
Nada
 disso tira a responsabilidade do homem; porém, tudo isto nos mostra que
 todas as coisas concorrem conjuntamente para o bem dos que amam a Deus;
 até a Queda.
Com
 todos os percalços desta existência caída, eu ainda prefiro milhões de 
vezes ser quem eu sou — caído e redimido na Graça — do que estar vivendo
 na inocência semi-consciente do Éden.
Mas
 isto falo por mim. Há, todavia, quem goste mais da infância que da vida
 adulta. Eu gosto de todas as fases que vivi; mas não gostaria de voltar
 ao Jardim da Infância. 
3-     
 A Bíblia diz em Gênesis 2:9 que o Senhor fez brotar toda sorte de 
árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da 
vida, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. O argumento do pastor é
 o seguinte: Somente a árvore do conhecimento do bem e do mal não deu 
fruto bom.
A
 minha dúvida é se é de fato possível que Deus tenha armado essa para o 
homem. Sei que Seus caminhos são mais altos que os nossos caminhos; mas,
 porque Ele plantaria com Suas mãos uma árvore que poderia levar o homem
 à morte? 
Resposta: O fruto não era mágico. O coração é que produziu, pela culpa, a droga.
Espero sua palavra. Que Deus continue a abençoar toda a sua vida. Bom mesmo é comer da árvore da vida. 
Paz! 
___________________________________
Continuação da resposta: 
A
 fé cristã ainda não se deu conta de que o Éden virou uma neurose na 
cabeça da humanidade. Ou é uma fixação perfeccionista, ou é uma 
nostalgia culposa... Mas este é o sentir cristão acerca do Éden.
Acerca do Éden como neurose eu escrevi, faz tempo, aqui no site, o seguinte: 
Adão abriu os olhos e se viu Adão. Nascia a consciência de si mesmo? 
Adão abriu os olhos e viu a si mesmo separado de Deus. Nascia o quê? 
Nunca
 fui não-caído. Por isso não posso responder a nenhuma das questões 
acima. Para mim, pelo menos, não há como medir o que vejo a partir do 
que não vivi e nem conheci.
“Em
 pecado me concebeu minha mãe...” Sou caído. Vejo tudo desse lugar. Tudo
 que vejo, vejo apenas como vejo. Mas não sei se o que vejo é o que é. 
Daí eu ter que também andar pela fé. 
Não
 sei quase nada. Mas sei que não dá para voltar ao Éden, pois ele não 
existe mais. O Éden deixou de ser no único lugar verdadeiro onde ele 
sempre existiu: o olhar-ser do homem.
Tudo
 muda em volta quando a gente muda dentro. É assim hoje porque passou a 
ser no Éden interior. Tudo é assim. E não estou no Éden! 
Por
 que, então, sinto tanto sua nostalgia em mim? Será que ele me persegue?
 Não conheço nenhum Éden, ao mesmo tempo em que sou perseguido pelas 
suas memórias.
Por essa razão é que nunca mais se pode negar o que se perdeu, e também não se pode voltar ao que ficou para trás. 
O Éden perdido é algo como o tempo: uma vez perdido vira sempre passado e nunca deixa de ser memória!
Assim,
 o Éden nunca vai embora. Insiste. Faz-se lembrar. Sugere a si mesmo 
como perda. Nós saímos dele e ele não saiu de nós como fantasia e culpa.
 
Eu acho que sei disso. Você também. Então, por que... o Éden? 
Um acesso de pragmatismo me assola agora. 
Quero encurtar este texto. 
Eu grito: "Todos sabemos que somos caídos e todos sabemos o que é pecado, apesar de nunca termos vivido no Éden!"
"Como?" — indagam. "Pecado precisa de definição!" — afirmam.
Mas
 minha certeza é outra. Eu creio que Pecado não precisa de definição. 
Somente o indivíduo pode examinar a si mesmo a fim de discernir seu 
próprio pecado.
Ora,
 isto seria o equivalente a se enxergar cada vez mais, incluindo a 
admissão da existência de horas nas quais pensamos de nós para nós 
mesmos que não estamos pecando — pecando, assim, conforme a presunção de
 não sermos nós mesmos pecado, em nossa latente e patente ambigüidade em tudo, pelo menos ao nível da autopercepção.
A
 gente cresce. Cheguei ao estágio no qual o Éden vai virando História, e
 deixa de ser como lugar-não-lugar em nós. Agora é Passado. Nem me 
lembro dele. Mas ainda sinto a necessidade de me comportar conforme a 
impressão de sua idealização.
Então me julgo. Algumas vezes a meu favor, outras contra. 
Os
 “acordos” da comunidade passam a ser o que há de mais próximo do Éden, 
para alguns, e para uns poucos, aparece como desespero de que quanto 
mais eu me aproximo, mais distante eu fico. Esse é o julgamento dos 
gentios que não têm lei, de acordo com Paulo!
Bem,
 eu já ouvi o Evangelho. Não sou mais “gentio”, no sentido pejorativo. 
Nasceu em mim uma nova criatura — digo de mim a mim mesmo.
Mas se é assim, por que não consigo voltar ao Éden? Mesmo conhecendo o Evangelho, por que não experimento as maravilhas do Éden?
Por que me sinto fora dele toda vez que abro a janela ou sempre que olho dentro de mim mesmo? 
Nossa
 consciência nos acusa e nos defende — pelo menos de nós para nós. Isso é
 consciência da relatividade de tudo. Só Deus é Absoluto. Eu só enxergo a
 partir do mais-que-relativo.
Meu juízo absolutiza quase tudo para todos e relativiza quase tudo para mim mesmo, dependendo de onde eu estou como ser.
Todavia,
 as piores faltas do ser são sempre aquelas que sobreviveram tenazmente 
como “nossas características relativas de identidade”. E damos a elas 
autorização para rugirem para dentro.
Desse
 modo, garantimos que elas não existam apenas porque ainda não se 
exacerbaram como caricaturas momentâneas de nossa realidade interior do 
lado de fora. 
"É para esse lugar de encurralamento que Jesus nos leva primeiro?" — indagamos nós.
Não sei com você, só sei que comigo foi-é assim!
Ele me abismou na consciência de minha perdição sem a Graça!
Ele me convenceu e me convence de pecado!
Ele me desesperou ante a constatação de que eu precisava e sempre precisarei do meu Salvador!
Mas
 me fez ver que nem sabendo disso eu conseguiria voltar ao Éden. O Éden 
continuava no passado e eu não tinha e nem tenho como voltar para ele. 
Então
 fui me acostumando! Recebi meu Salvador. Seu nome é Jesus. Confessei 
que recebi perdão em Sua Graça. No início, a Graça me soava como um 
elogio.
Depois de um tempo, como “um recurso”.
Então,
 virou algo que existe. Mas que, de preferência, a gente nunca deveria 
precisar em relação ao nosso próximo, pois perdemos a fé nos outros na 
mesma medida em que nos julgamos certos de nós mesmos. 
Como
 “somos bons”, garantimos Graça para os outros. Mas já não preciso tanto
 desse “recurso”. Nesse ponto dizem que viramos “santos”. 
O
 Éden, todavia, permanece no passado. E nós não chegamos a lugar nenhum.
 Há apenas um Paraíso do é-futuro-futuro-é, pois eis que para mim ainda 
não chegou, mas já é! “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” — ouviu o 
ladrão.
Agora eu sabia que o Paraíso não estava ao alcance das mãos ou dos sentidos animais. O Paraíso pertencia ao Celestial. 
Mas mesmo sabendo disso, eu agora ainda não me nego a continuar buscando o Éden na terra, ou pelo menos na Psicologia.
Então
 mergulho em depressão. O Éden virou depressão! Não me aposso do Paraíso
 — já passei da morte para a vida — e nem consigo voltar ao lugar de 
onde saí. E pior: não consigo sair do lugar onde não estou mais, visto 
que dele eu já fui expulso.
"Meus Deus, qual é o meu problema?" — indago-me outra vez, em outra fase da existência. 
"O problema é que a Graça, agora, já não significa um elogio para você!" — creio que foi isto que ouvi como Voz em mim. 
É verdade. No início, precisar da Graça me honrava, me parecia adequado e verdadeiro. Agora, no entanto, tenho que honrá-la.
Antes,
 era o máximo ser dependente dela. Agora, isso me é vergonhoso! A Lei 
perdeu o seu papel de “aio” para me levar a Cristo. E depois que eu 
me-tornei-em Cristo, a Graça virou “aio” para me abandonar outra vez nas
 mãos da Lei? 
Pois é assim que os cristãos vivem: na lei.
Ora,
 toda a Lei foi sepultada em Cristo, a começar da primeira Lei: “... 
desse fruto não comereis...” Afinal, se fosse de outra forma, eu não 
conseguia entender a razão da viagem. Pareceria a estrada Manaus-Manaus:
 era apenas uma voltinha! 
A leitura da epístola aos Gálatas me põe outra vez no Caminho! Olho de novo em volta, e vejo que o que operou essa des-conversão da Graça à Lei. Este é o adubo da morte na alma dos homens: a culpa e a lei.
Enquanto
 a Lei for o “aio” dos cristãos, continuaremos na ilusão de que podemos 
voltar ao Éden, ou seja, voltar para o lugar em que haveríamos de 
obedecer sem transgredir, e, portanto, sendo capazes de manter nosso 
próprio estado de inculpabilidade. 
Mas eu sei que não consigo. Estou teológica e filosoficamente convencido disso.
Então, por que no início era a Graça e agora é o Tempo de Casa? Como se saber muito tempo da Graça virasse um direito adquirido!
Outra
 vez o Éden me persegue. Afinal, o Éden é no tempo, e o tempo só existe 
no Passado. E eu não consigo voltar para ele. Entretanto, o somo como 
crédito meu. 
Mas se é crédito, não é Graça; e se é Graça, não é meu o crédito.
Desespero-me. O que faço? É mas não é? Como? Que lugar é esse? 
É
 o Éden! — eu sei. Quando eu caí, o Éden caiu em mim! Fui expulso... e 
ele saiu comigo; perdido, nostálgico, inachável, implacavelmente passado
 e desgraçadamente presente. 
É Passado Hoje! 
Vou
 esperar a eternidade. É assim mesmo. Com você não seria diferente! — 
tento convencer-me. Então descubro que o problema é o passado.
Claro!
 O problema é o passado! Sei sobre isto. Afinal, Paulo diz que nem morte
 nem vida, nem altura nem profundidade, nem coisas do presente nem do 
porvir e nem mesmo qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de
 Deus! Mas não menciona as coisas do passado!
E
 por quê? — me pergunto. É porque é nas obras mortas — portanto, no 
passado — onde vive o “espírito da separação” do amor de Deus! 
Claro,
 é o Éden! — exclamo para mim mesmo. “As culpas, as fobias, os traumas e
 as autopunições alimentam-se do passado” — leio num texto que escrevi 
para mim mesmo. 
Então
 descanso. Sinto-me aliviado. Eu creio. Confesso. Hoje é. Tem que ser 
vivido. É inapropriável como tempo. Quando chega, já não é.
E o futuro, na linearidade de Cronos, existe apenas como o que será, mas que também ainda não é.
De outro lado o futuro já é, pois, para Deus, tudo é; assim como para Ele todos vivem. Eu Sou — é o Seu Nome! 
Viram? Eu creio. Mas e o Éden? 
Não! Para mim, chega de Éden. O Éden é o problema. 
O
 problema? — essa afirmação me suscita uma questão. Sim! pois o problema
 é que mesmo quando Deus diz que o passado está perdoado — que o Éden 
está perdoado —, ainda assim, a maioria não se perdoa por ter vivido, 
ter errado, ter se enganado; ser, sem jamais ter sido do Éden. 
E
 por quê? É que a maioria gostaria de ter vivido, acertado sempre e tido
 bom êxito em tudo. Nós queríamos que o Éden nunca tivesse existido como
 lugar perdido. 
Alguma coisa errada com isso? Sim e não!
Não, porque ninguém tem que buscar o mal. Nossa consciência se alimenta da busca do que é bom!
Sim,
 porque na maioria das vezes a gente só se arrepende do mal porque ele 
esvaziou o nosso arquivo de créditos para a barganha com Deus e com os 
homens.
Não adianta teologizar. A guerra milita em minha carne. 
O
 problema não é o Éden. O problema sou eu. Por isso é que não posso 
negar a possibilidade mais que presente, do engano em mim. Seria uma 
irrealidade com minha condição de ser caído.
Penso: "Quem não tem autopercepção de sua própria Queda jamais será totalmente aberto para a significação da Graça!" É no e do passado que o diabo vive! A Antiga Serpente! 
Todavia, eu creio, o Filho de Eva pisou a cabeça da Antiga Serpente. Mas para onde vou desse ponto em diante?
Concluo
 que a Antiga Serpente vive na mesma medida em que o Antigo Éden vive em
 mim. Ela não tem que fazer parte do meu Hoje. Ela é do Éden. Não serei o
 Velho Jardim da Antiga Serpente. Tenho outra vez que decidir. O passado
 é o problema. A Serpente se alimenta dele. 
Mas e daí? Tenho que fazer alguma coisa? Não consigo voltar e não consigo me sentar para descansar. Para onde irei?
“Só
 tu tens as palavras da vida eterna” — brada-me um de meus melhores 
amigos, um chamado Pedro. Nada pode me separar do amor de Deus! 
Nem eu mesmo? Sim e não!
Não, apenas porque a Antiga Serpente é, entre as criaturas, mais uma das que não tem poder para nos separar do amor de Deus.
Sim,
 porque nós somos as criaturas que podemos não crer na inseparabilidade 
desse amor, especialmente em razão do passado e da culpa!
As
 obras mortas são as que mais matam. A morte vem do Éden! Mas eu agora 
sou filho do Dia Chamado Hoje. As distâncias, a solidão, o abismo e até 
os céus não podem me afastar do amor de Deus. O passado não é incluído!
O
 passado não pode nos separar do amor de Deus, mas pode nos separar da 
experiência do amor de Deus! O passado pode me roubar o momento, pode 
não permitir o Dia Chamado Hoje de me fazer bem. Afinal, basta a cada dia o seu próprio mal.
O
 amor de Deus só é inaproveitado como Graça, em razão das culpas e 
justiças próprias que viraram neurose, fobia, trauma e legalismo 
paralisante e autopunitivo! — e que procedam do Éden, portanto, do 
passado. O Éden agora é neurose. Por isso é que Hoje é o dia de 
salvação. 
Tudo isso apenas para terminar sem hesitação dizendo o seguinte: Não brinque de esconde-esconde com o passado. Você vai viver expulsa-mente preso no Éden! É dele que procedem os demônios que nos atormentam hoje! 
Assim,
 uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam (incluindo
 o Éden), prossigo para as que adiante de mim estão! A nova criatura só será nova se não tiver no passado a finalidade de sua existência.
As
 coisas antigas já passaram, mesmo as velharias do dia de ontem, 24 
horas antes de eu haver escrito esse texto. Tudo virou o não-Éden, pois,
 eis que tudo se fez Novo. 
Quer dizer que o que vivi não foi vivido?
Não! Quer dizer que já foi... “Fui” — é a gíria da moçada! E se eu não fui, não sou! 
O
 que me resta? Resta-me tudo. Resta-me ser em Cristo. Ele é meu criador.
 Não é um lugar. Só se é filho da eternidade quando o Éden perde seu 
poder de lugar e a eternidade assume seu não-lugar, que é sua maior realidade em nós, visto que ela habita o coração. 
O
 primeiro Éden era da terra. Transmudou-se como lugar de culpa para a 
alma. Virou campo de batalha para a religião e laboratório para a 
filosofia. Existiu muito tempo como mito, depois como arquétipo 
psicológico, e então ganhou status de Portal.
Mas
 o Velho Homem continua aqui sendo tentado pela Antiga Serpente. E esse 
Adão que sou eu, não consegue esquecer o Éden por completo. 
Só
 que agora eu sei disso. Sei disso pela fé. O Éden terrestre desse corpo
 se corrompe. O Éden interior é que se renova de dia em dia, se não 
houver medo. Primeiro semeia-se corpo corruptível. Então se colhe o 
incorruptível. Primeiro vem o que é terreno. Depois é que vem o que é 
celestial. 
"Insensatos, não sabeis que tudo obedece a um ciclo?" — nos provoca Paulo. 
É, eu sei. Primeiro tem que vir o Éden. Depois é que vem a Nova Jerusalém. O Éden foi a semente do que haveria de vir. Assim, o que eu chamo de Queda era inevitável. Daí o Cordeiro de Deus haver sido imolado antes que houvesse Éden.
O
 mais é uma seqüência: aos que de antemão conheceu, a esses predestinou;
 e aos que predestinou, a esses chamou; e aos que chamou, a esses 
justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.
É
 a invasão do desígnio da eternidade rasgando a criação do tempo e nos 
levando junto para o lugar de onde viemos: o amor de Deus. 
Que
 diremos, pois, à vista dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será 
contra nós? Se você desejar, eu recomeço. Mas você já sabe o fim. “Eu 
sou o princípio e o fim” — disse Aquele que é! 
Caio 
(Escrito em 2003)
sexta-feira, 4 de agosto de 2017
A GRANDE QUESTÃO DO CAMINHO É “COMO” VOCÊ CAMINHA
A GRANDE QUESTÃO DO CAMINHO É “COMO” VOCÊ CAMINHA
Meu
 amigo Sören Kierkegaard disse que o importante no caminho é sempre o 
“como”. E quando disse isto ele estava pensando na vida como algo que 
geralmente é metaforizado por um caminho, uma vereda, uma estrada.
Mesmo
 reconhecendo que é muitas vezes útil comparar a vida com uma estrada, 
todavia também deve-se considerar que há não apenas semelhanças, mas 
também muitas dessemelhanças nesta ilustração.
Sim,
 em muitos aspectos a vida é diferente de uma estrada. Isso porque do 
ponto de vista físico, a estrada é sempre a estrada, não importando como
 alguém ande nela: se de modo calmo, apressado, atento ou distraído. A 
estrada física não muda de acordo com o modo, com o como do andar do 
viajante.
Entretanto,
 se tomarmos a metáfora da estrada numa perspectiva espiritual, então 
tudo muda, e a estrada já não nos serve de metáfora exata. Isso porque 
no caminho espiritual não existe fixidez na estrada, posto que ela muda 
conforme o como do caminhante.
Ou seja: o modo de caminhar e ver a estrada muda espiritualmente o indivíduo e muda a estrada.
E
 não somente isso; a estrada é chamada à existência conforme o caminho 
do caminhante. Assim, a estrada é conforme ela é trilhada.
Ora,
 desse modo a metáfora da estrada física como ilustração para o caminho 
espiritual fica subitamente pobre. Isso porque a jornada espiritual 
acontece numa estrada que é feita pelos pés do caminhante. E ninguém 
pode fazê-la por ele.
A estrada é o indivíduo e o indivíduo é a sua própria estrada.
No mundo físico, a estrada é a mesma para todos. Mas na dimensão do espírito, a estrada é de acordo com aquele que nela caminha.
Não
 se pode chamar alguém, dizer-lhe "Veja, esta é a estrada da verdade e 
da vida!" e esperar que isso seja suficiente. Só será verdade se a 
pessoa experimentar e andar conforme a verdade e a vida no caminho.
Declarar o caminho não o torna caminho para ninguém, a menos que o indivíduo descubra como.
A
 única coisa que se pode dizer é como se anda na verdade, mas não se 
pode indicar um caminho fixo. Portanto, mesmo que se diga como é o 
caminho da verdade, o indivíduo jamais andará nele a menos que nele 
ande.
Digo
 isso porque a mentalidade religiosa sofre do engano de pensar que o 
caminho espiritual é como o caminho numa das estradas desta terra. E não
 é.
Saber que “Jesus é o Caminho” não significa nada, posto que nenhum corpo fixo de doutrinas nos poderá fazer andar no Caminho.
O Caminho de Jesus não é como uma estrada física, na qual quem quer que ponha o pé anda e segue. Não, com Jesus não é assim.
Você
 pode mostrar o Caminho e o indivíduo pode aceitar as informações dadas 
sobre a estrada, porém se não andar como se anda no Caminho, de fato ele
 não está indo a lugar algum.
A
 história parabólica descrita por Lucas no capítulo 10, acerca do “Bom 
Samaritano”, bem ilustra como a estrada física pode significar caminhos 
diferentes para diferentes pessoas, dependendo de como se anda...
Primeiro
 aparece um viajante sem nome, que anda na estrada de modo tranqüilo e 
em busca de uma vida honesta. Ele anda no caminho da simplicidade do 
trabalhador.
Em
 seguida aparece andando, na mesma estrada, um outro homem, um 
salteador. É a mesma estrada, mas é um outro modo de andar nela. O homem
 andava no caminho da violência e da covardia.
Então,
 na mesma estrada, aparece um sacerdote. Ele viu o homem caído e 
roubado. Mas seguiu o caminho da indiferença. Seguiu seu próprio caminho
 na mesma estrada.
Na
 mesma estrada, apareceu um levita. Ele também viu o homem caído, mas 
preferiu andar no caminho da frieza e do egoísmo que apenas visa a 
autopreservação. Assim, seguiu no caminho da omissão homicida.
Por
 último aparece um herege do ponto de vista dos judeus. Era um 
samaritano. Ele também anda na mesma estrada de todos os anteriores. Mas
 o seu caminho é diferente. Ele encontra o homem numa estrada que para 
ele tinha o sentido de misericórdia e graça solidária. Assim, esse 
samaritano nos ensina que a estrada não é a mesma para todos, posto que 
ela tem em si o significado dado pelos pés que a pisam. Para o 
samaritano aquela era a estrada da misericórdia.
Jesus,
 usando esta história, diz a quem perguntou a Ele quem era o seu 
“próximo” exatamente o que acabei de expor acima, porém de modo 
metafórico. A mensagem, todavia, é a mesma.
Ora, Ele faz isso com uma pergunta: “Quem te pareceu ser o próximo do homem caído?”
A resposta foi: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”.
Então Jesus concluiu: “Vai tu e faze o mesmo”.
Assim, cinco homens andavam na mesma estrada, porém cada um fez o seu próprio caminho na mesma estrada.
De fato, o que faz toda a diferença é como cada um anda no caminho!
Você pode até dizer que sabe quem é o Caminho. A questão de Jesus, todavia, é como você anda no caminho.
Pense nisso!
Caio
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