Gostaria de nessa primeira oportunidade abordar sobre o Passado de
Israel, tendo como perspectiva a célebre frase do filósofo e teólogo
dinamarquês Søren Kierkegaard “A vida tem de ser vivida para frente, mas
só pode ser entendida para trás”. O Passado, Presente e Futuro de
Israel, no Plano Escatológico de Deus, estão distribuídos e
sistematizados na carta do apóstolo Paulo aos Romanos.
O
capítulo 9 fala do passado; o 10 do presente e o 11 do futuro. A
intenção do apóstolo Paulo, nestes capítulos, entre outras coisas, seria
a de corrigir um problema doutrinário: a falta de compreensão por parte
da Igreja local em Roma a respeito do plano de Deus sobre Israel.
Quando
Paulo escreveu a carta aos Romanos, a maioria da Igreja em Roma já era
composta de gentios, que passaram a oprimir os crentes judeus (Rm
11:13,14,18). Abro aqui um parênteses para promover um equilíbrio na
balança, por exemplo, a situação em Gálatas era diferente, na Galácia os
crentes judeus eram a maioria e estava acontecendo uma certa opressão
aos crentes gentios, através de certas exigências estritamente judaicas.
Paulo também escreveu corrigindo esse erro (Gl 2:18-19).
Ao lermos atenciosamente os primeiros cincos versículos de Romanos 9
percebemos uma divisão natural. Nos versículos de 1 a 3, temos uma
introdução apaixonada do apóstolo aos gentios por seus irmãos na carne,
os judeus, ao ponto de desejar ser separado de Cristo (anátema/maldito)
em favor da salvação do seu povo (Rm 10:1).
Encontramos
a mesma atitude em Moisés (Êx 32:32). Já nos versículos de 4 a 5
encontramos a história passada, que se apresenta nas seguintes
declarações: israelitas – designação de povo; adoção – condição física e
“espiritual”; glória – revelação divina; alianças – posição de vassalo
com o suserano; lei – forma de relação e obediência (Sinai); culto
– forma de adoração; promessas – bênçãos condicionais e incondicionais;
pais – os patriarcas; Cristo – o Messias, Salvador. Dos versículos de 6
a 33 temos os desdobramentos dessas verdades e suas implicações.
Mas afinal de contas, quem é este povo? Que povo é este? Temos que olhar para o livro do Gênesis, para as divisões dos Toledot
(gerações) “E estas são as gerações de Terá: Terá gerou a Abrão” (Gn
11:27). Este é o Povo da Aliança Abraâmica (Gn 12:1-3), onde encontramos
o chamado do patriarca Abrão e as cinco promessas divinas que vão dar o
tom do relacionamento de Deus com Abraão e seus descendentes.
Primeira promessa: fazer
de Abrão uma grande nação (benção nacional); segunda promessa: dar a
Abrão (pai elevado) um grande nome (benção pessoal), seu nome será
mudado para Abraão (pai de uma multidão Gn 17:4); terceira promessa:
conceder a Abrão uma benção (benção terrestre); quarta promessa:
conferir bênçãos através de Abrão (benção espiritual); quinta promessa:
abençoar grandemente os que abençoassem a Abrão (benção de relação).
E
por quê Deus escolheu Israel? Não foi escolhido por ser numeroso ou
forte (Dt 7:7); mas por amor (Dt 7:8a Jr 31.3); por causa da aliança com
Abraão, Isaque e Jacó (Dt 7:8b,9). Outra pergunta que surge é: para quê
Deus criou Israel? No profeta Isaías encontramos a resposta. Em
primeiro lugar o profeta nos diz que o Senhor criou Israel (Is 43:1,15),
o verbo criar [hb. bārā’] utilizado por Isaías é o mesmo utilizado em Gênesis para a criação do universo, o criar do nada, da expressão latina ex nihilo,
o sujeito deste verbo se aplica somente a Deus e o seu uso exclusivo no
AT sempre se refere a uma ação divina que produz um resultado novo e
imprevisível (Is 48:6-7; Jr 31:22).
Devemos nos lembrar que das
quatro matriarcas três eram estéreis, Sara, Rebeca e Raquel, portanto os
nascimentos de seus respectivos filhos só aconteceram por intervenção
divina. Com qual propósito Deus criou Israel? Para sua glória (Is 43:7;
Jr 13:11, 33:9); ser sua testemunha (Is 43:10a); revelar o único Deus
vivo e verdadeiro (Is 43:10b); mostrar o único Deus salvador e redentor
(Is 43:11,14a).
Como também disse Abba Eban “não há nenhuma outra
nação moderna cujos motivos de existência e ação exijam referência tão
frequentes a dias distantes”.
Gospel Prime
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