A gente pertence a uma sociedade completamente vazia de afetos, de
generosidade e de compaixão. Vivemos num meio corrompido pelo mal e
habitamos, muitas vezes, na nossa solitude, em densas trevas. E tudo
isso nos é exibido no telão chamado consciência. A consciência provoca os nossos anseios mais angustiantes e a gente não sabe como sair deste calabouço emocional.
Um
olhar para a Escritura nos leva ao ensino de Jesus, quando ele chama
uma criança, a coloca diante de todos os seus discípulos e lhes diz que
“quem quiser receber o reino de Deus, precisa ser como ela”. E foi esta
reflexão do Mestre que apertou a minha alma nesta manhã, onde pude
refletir e pensar sobre o ser criança.
E reflito mesmo. Até porque, eu já fui uma criança.
Existem
alguns resquícios na memória sobre o que eu vivi na infância que me
remetem a muita pureza (não perfeita), inocência, ausência de
necessidades e dependência de alguém maior. Também percebo que muitas
vezes, coisas que me ocupam tanto a vida hoje, quando criança, não
faziam o menor sentido para mim. E imaginar que já vivi uma vida que não
tinha a menor necessidade de se ter um Smartphone, nem mesmo uma conta
no Facebook ou no Instagram.
Nesta época eu não tinha inimigos, porque quando a gente é criança, não tem muito tempo para ficar ocupando a mente com inimizades. Era necessário um tempo de qualidade para se dedicar às brincadeiras!
A gente não carecia de tanto. O dinheiro
não tinha tanto valor pessoal para nós. Você podia me dar uma nota de
cem reais que eu rasgaria aos risos. E é isso o que faz com que a gente
reconheça o que Jesus está querendo dizer neste momento da sua narrativa
histórica.
Precisamos buscar a cura para o nosso coração não em sessões de psicoterapia nem passando por uma sessão do descarrego da Igreja
Universal, e sim com o Evangelho que nos pede para simplesmente
retornarmos para a motivação de uma criança, que simplifica mais as
coisas e as relações, que não se inflama por ter aquilo que não é
necessário, não quer se importar com coisas pequenas e vive na segurança
de quem não sabe de tudo, não quer ter resposta para tudo e nem quer
fazer a própria opinião sempre prevalecer.
Ser criança é deitar no
colo do Pai e encontrar alívio, mesmo quando leva-se um tombo. É
depender do leite materno, e buscar este alimento todo dia – até mesmo
gritar por este alimento. Ser criança é não esperar tanto dos outros,
mas confiar no amor do Pai. É simplesmente ver as coisas como elas são, e
não projetar nada mais nada menos. Ser criança também é não criar
falsas expectativas sobre o outro.
Convido você a também refletir
sobre o reino de Deus e a necessidade espiritual de sermos crianças aos
olhos do Pai e diante das pessoas; porque, no reino de Deus, menos é
mais, o menor é o maior e quem se faz como criança caminha em paz e, no
final de tudo, recebe um grande abraço celestial e ouve as palavras da
eterna consolação: “(…) deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.” (Marcos 10.14)
Gospel Prime
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