Danilo: O nosso convidado de hoje é pastor e é polêmico até no meio dos evangélicos.  Caio Fábio! Muito obrigado por ter vindo. Bem-vindo ao "The Noite”.
Caio: Obrigado!
Danilo:
 Entre os líderes evangélicos no Brasil, você é um dos mais populares e 
mais conhecidos até hoje, não é? Mas a sua principal atuação hoje é na 
internet?
Caio:
 É. Porque até 1998 eu fiquei 33 anos rodando o Brasil, indo 
presencialmente aos lugares. Mas eu tinha um objetivo. Eu achava que a 
comunidade evangélica era alienada como era, imbecilizada, marionetada, 
massa de manobra como era, abjeta como era, porque faltava instrução. 
Faltava ensino. Aí eu fiquei trinta e tantos anos ensinando. Dos 
Luteranos aos Neopentecostais. De um extremo ao outro. Criamos uma 
organização, que era a Associação Evangélica Brasileira, pra ver se dava
 parâmetros de saúde mental pro pessoal. Mas na realidade, eu descobri 
que ninguém quer isso, pois desmonta o circo, a estrutura, a 
exploração...
Instrução ajuda o 
povo a andar com as próprias pernas. Instrução liberta. Instrução tira 
as dependências desses gurus tiranos de sobre a cabeça das pessoas.
Bom, durante 30 anos
 eles não tinham o que dizer a meu respeito, não podiam me pegar por 
nada para me relativizar, até que eu me divorciei. Quando eu me 
divorciei em 1998, era tudo que essa corja queria. Eles não podiam me 
acusar de corrupção, de roubo, de exploração, de ênfase em dinheiro, de 
nada disso. Mas pegaram nesse santo-do-pau-oco: "O Caio se divorciou, 
logo, ele não tem mais nada a nos dizer". 
Aí tentaram fazer disto um mastodonte.
Danilo: É tão grave assim se divorciar para os evangélicos?
Caio:
 No meu caso! Eu advoguei a causa do divórcio em 1978, quando o Senador 
Nélson Carneiro a propôs. Ninguém no meio evangélico advogava e no meio 
católico também não. Eu era uma voz solitária. E eu dizia: "A lei do 
divórcio não obriga ninguém a se divorciar, só resolve o problema dos 
angustiados e separados, que não tem como legalizar a situação". Uma vez
 que foi legalizada, centenas de pastores se divorciaram. E eu ajudei 
todos eles, os que eram genuinamente infelizes, a encontrarem seus 
caminhos. E suas esposas também. Quando chegou a minha vez, virou 
assim... Problema do Príncipe Charles com a Diana... Um espetáculo 
dantesco.
Danilo:
 E você acha que isso acontece porque o que você mais quer, pelo que eu 
entendi, é levar instrução ao povo evangélico, e isso não é interessante
 para os líderes evangélicos...
Caio: Mexia,
 solapava o poder dessa liderança toda. Bispo Macedo me abomina, esse 
povo todo me abomina... Eu passei a vida inteira tirando as estruturas 
de poder que eles usam pra manipular o povo. Eles esperavam apenas essa 
oportunidade.
Danilo:
 Um dos adjetivos que você usou no início foi "abjeto" quando se referiu
 à massa de manobra evangélica. Qual é a coisa mais abjeta que ela tem 
pra você?
Caio:
 Pra mim? Foi a capacidade que esse pessoal teve de, literalmente, 
deixá-los "brainless". Tiraram o cérebro desse pessoal. Olha, eu estou 
no ar de 10 da manhã à 1 da tarde, ao vivo, numa webtv que temos, e 
milhares de pessoas afluem pra lá. As perguntas que eu recebo são todas 
perguntas descerebradas. As pessoas perderam o cérebro.
Danilo: Os evangélicos são burros? É o que você está falando?
Caio:
 Ficaram! Qualquer um fica sob aquele rolo compressor. Qualquer um! Eu 
fiz uma pequena pesquisa sobre você, e vi que já passou por lá. Você 
sabe exatamente o poder que aquilo ali tem de fazer mentes tornarem-se 
amebas.
Danilo: O rolo compressor, qual é?
Caio: O rolo compressor é o medo. É o pânico, o susto. É a paranoia do diabo...
Danilo: Eles usam a Bíblia para colocar medo?
Caio: A
 Bíblia é a mãe de todas as heresias, se você quiser. Eu, sem a 
referência do Evangelho em mim, faço da Bíblia a miséria que quiser. 
Construo a partir da Bíblia deuses variados, anti-deuses! Porque você 
pegando um texto como a Bíblia, que não teve um autor só, mas dezenas 
deles, e que foi escrito em 1.500 anos, em períodos diferentes, sem 
conexão, se você criar uma sistemática, pegar e pinçar coisas daqui e 
dali, monta o diabo!
Danilo:
 O que deve e o que não deve ser interpretado de forma literal na 
Bíblia? E o que interpretam de forma literal, conscientes de que não 
deveria ser interpretado de forma literal?
Caio: A Bíblia diz sobre a si mesma que parte dela caducou. Tem muita coisa que é pra interpretar de modo literal, só que caducou.
Danilo: Uma parte da Bíblia que caducou, por exemplo?
Caio: Por
 exemplo, o livro de Hebreus, escrito no Novo Testamento, diz que toda a
 lei de Moisés caducou. A mensagem do apóstolo Paulo fala da caducidade,
 da caduquice, da senilidade das leis passadas diante da revelação de 
consciência nova que chegou em Jesus, e que relativizou todos os manuais
 e receitinhas primitivos, de sentencinhas tolas no tempo em que a 
consciência humana estava reduzida a fragmentos de percepção. Em Cristo,
 em Jesus, a vida ganha a percepção que eu tenho hoje. Que todo mundo 
tem aqui. Ele trouxe pra nossa mente uma atualização de olhar que não 
vai envelhecer nunca mais.
Danilo: Tem uma parte da Bíblia, pontual, no Novo Testamento, que caducou e que não vale mais?
Caio: A
 lei de Moisés, por exemplo. O Novo Testamento diz que as leis de Moisés
 têm uma vigência para o transgressor. Ele é que precisa delas mas, o 
homem que anda segundo o amor, não tem que pensar na lei. A lei morreu 
em Cristo.
Danilo:
 O Novo Testamento está inteiro, praticamente, dizendo que o Velho 
Testamento caducou. Mas e no Novo Testamento, para o cristão, tem alguma
 parte que caducou?
Caio: Tem.
Danilo: Qual, por exemplo?
Caio: Por
 exemplo, Paulo. Paulo faz questão de ensinar pra gente princípios 
imutáveis. Sob esses princípios imutáveis, ele faz aplicativos 
circunstanciais pro tempo dele, que são relativos àquele tempo, mas que 
devem ser vencidos pra se chegar ao princípio absoluto. Exemplo: Ele diz
 que em Cristo não há homem nem mulher, não há sexismos. Em Cristo não 
há escravo nem liberto, não há senhores nem entes minimizados. Esse é o 
ideal em Cristo! Todavia, nos dias dele, ele tinha que lidar com uma 
sociedade onde havia homem, mulher, escravo, liberto... Então o que 
Paulo faz? Ele tenta fazer o senhor de escravo se tornar mais humano, 
tenta fazer o escravo aproveitar a oportunidade da libertação. "Enquanto
 você não pode, tente ser feliz com o que você tem, mas no dia que puder
 escapar dessa, pule fora, porque o seu chamado não é esse!" A mesma 
coisa com tudo! Foi pra liberdade que Cristo nos libertou. As igrejas 
ensinam escravidão.
Danilo:
 Ok. Uma coisa que igreja ensina muito também, e deve estar acontecendo 
isso agora em outro canal, é possessão demoníaca... Acontece possessão? 
Quando a pessoa fica lá.... aaahhhrgh!
Caio:
 Ah, meu Deus... Eles vivem disso! Aquelas ali? Aquelas ali eu tiro com 
tapa na bunda! "Levanta! Vamos acabar com a palhaçada!" - Aquilo ali é 
sugestão, é psiquismo demoníaco aprendido pela cultura neopentecostal e 
instilado nas pessoas... Aquilo ali, na maioria das vezes é forjamento. 
Tem até os possessos contratados pra puxarem a fila dos impressionados. 
Agora, possessão demoníaca existe. Não naqueles ambientes de massa, já 
preparados para aquele show. Existem situações concretas, nas vidas das 
pessoas agonizantes em casa, que não são visitadas. Essas não 
interessam. Porque o verdadeiro oprimido espiritualmente não tem nem 
como ir a um templo. Os que vão a um templo não estão oprimidos. Os 
verdadeiros oprimidos tem que ser achados em casa, ajudados em família. 
Mas isso não interessa a essa indústria religiosa de portas arreganhadas
 pra receber incautos: dedicar a vida para visitar velhos, terceira 
idade, pobres, oprimidos, possessos, em casa... Esse povo que não tem 
dinheiro pra contribuir está de fora desse mercado da exploração.
Danilo:
 Ok. Eu posso tirar umas dúvidas com você? Dúvidas pontuais sobre a 
Bíblia? Por exemplo: eu cresci ouvindo a história de Jonas e a baleia. 
Foi literal? Ele realmente ficou dentro de um peixe, literalmente 
falando?
Caio: Ele
 pode ter ficado, não dentro de uma baleia, porque a baleia não tem 
infraestrutura orgânica pra engolir um ser humano. Mas um cachalote 
poderia. Grandes outros peixes. E há casos concretos, historiáveis, 
pontuáveis, inclusive do século 20, como a de um marinheiro inglês que 
ficou 48 horas engolido dentro de um cachalote, aqui nas Malvinas. E 
saiu vivo! E a história humana tem várias repetições disso aí.
Então, tanto faz! Na
 realidade a mensagem de Jonas é uma mensagem muito mais profunda. É 
mostrar como a ideologia política, quando se fanatiza na alma de alguém,
 faz o cara ficar totalmente indisposto pra amar o próximo, acolhê-lo ou
 levar qualquer mensagem de bondade pra quem quer que seja. Esse é o 
grande drama do Jonas. A coisa do "vessel", do aparato que o engoliu 
literalmente pode ter acontecido, e não necessariamente precisa ter sido
 assim, porque o objetivo era a mensagem.
Danilo: O importante é a mensagem, não? E você, acha o que?
Caio: Eu? Ah, eu já vivi demais pra ter ceticismos definidos em mim como dogma.
Danilo: Acredita em E.T.? Vida fora da Terra?
Caio: Eu
 estou aberto à multiplicidade de todas as existências cósmicas, meu 
amigo! Pra mim é inconcebível que se eu e você, que estamos sentados 
aqui em São Paulo, no Brasil, na América Latina, no hemisfério sul do 
planeta Terra, no sistema solar, nessa galaxiazinha que faz parte de 
bilhões de outras galáxias e com a Física nos apresentando descobertas 
no mundo subatômico que nos dão a entender que a gente pode ter mundos 
paralelos aqui do lado deste mesmo, fora este outro... Ora, com achados 
mínimos desse tipo, quem sou eu, sendo um homem de fé, pra dizer que vou
 limitar qualquer coisa? A fé deveria me abrir a mente mais do que a 
mente de um cientista! Porque o cientista tem mais limites do que eu. 
Ele precisa repetir em laboratório mil vezes a mesma coisa pra dizer: 
"sempre que isto acontecer assim, será verdade. Logo é um princípio 
científico". Eu não. Eu não tenho esse compromisso de trazer esta 
demonstração. Eu estou muito mais aberto em fé pra lidar com a 
multiplicidade das possibilidades e ir fazendo as minhas sínteses. De 
modo que eu creio. Não nos estereótipos, no "cinza", olhão grande, isso e
 aquilo...
Danilo: "Minha casa... telefone..."
Caio:
 Spielberguianas... Essas coisas. Pra mim, são mitos urbanos. Mas a 
Bíblia está carregada de afirmações sobre a multiplicidade dos mundos e 
das dimensões. Ela só trata isso com uma outra linguagem diferente da 
nossa.
Danilo:
 E a Bíblia - agora deixando o assunto de fé e religião de lado... Ela 
apresenta algumas ambições de ser um registro histórico que às vezes 
lendo parece muito estranho. Por exemplo: os Nephilins. Eu fui procurar 
no "São Google" o que é um Nephilim, e o "São Google" revelou pra mim 
que Nephilim é isso aqui (mostra imagem no projetor). O Nephilim seria 
um gigante, como dito em Gênesis? Quando vai falar do dilúvio, e tal...
Caio: Gênesis
 capítulo 6. Os “filhos de Deus”, “os Benai-Elohim”, diz lá no hebraico,
 possuíram as filhas dos homens, as que mais belas eles achavam, e 
geraram nelas filhos, que vieram a ser chamados de "Nephilins", ou seja,
 são a "descendência dos que caíram".
Danilo: O Nephilim então é um cruzamento de...
Caio:
 É um híbrido! Angelical-Humano. "Angelical" no sentido que é 
extraterrestre. Não é desta dimensão. É "anjo" (no sentido da linguagem 
bíblica) com humanas, e aí teriam nascido os Nephilins, que segundo o 
livro de Gênesis são os gigantes, que conduziram a antiguidade, que a 
dominaram. Agora, o que é interessante é que você vê em todas as 
culturas da Terra, dos Nazca, Incas, Astecas, Egípcios, Celtas, qualquer
 outro ambiente e cultura, Índia, China... Você encontra em todas as 
histórias primitivas, sem falar nos Gregos, que são os pais dos 
"semi-deuses", dos gigantes, disso tudo, você encontra a mesma narrativa
 de uma “hibridização" entre seres que vieram de outra dimensão com 
seres humanos. Isso aí está espalhado na literatura universal e também 
na narrativa de Gênesis 6. Mas não são assim, como esses caras aí! 
(refere-se à imagem)
Danilo:
 Agora... Eu calculei ali, um ser humano... Ali é um estudo de escala. O
 ser humano normal seria aquele de 1 metro e 80, né?
Caio: O Minotauro está com inveja desse maior aqui...
Danilo: O ser humano teria 1 metro e 80 e o Nephilim teria 11 metros.
Caio: Não,
 isso é um exagero! Absoluto! A Bíblia dá referência de tamanho de 
homens grandes... Por exemplo, diz que Ogue, rei de Basã, que ficou vivo
 depois do dilúvio, com narrativas históricas, arqueológicas...
Danilo: Teve gente que sobreviveu ao dilúvio?
Caio: Sobreviveu ao dilúvio! Ele era desse tipo, dos Nephilins.
Danilo: O que eu entendi é que o dilúvio matou todo mundo, menos Noé!
Caio: Pra liquidar! Liquidar inclusive essa hibridização que deformou a raça humana. Mas escaparam alguns.
Danilo: Mas a Bíblia não diz que não escapou ninguém, só Noé e a família?
Caio:
 A Bíblia diz linguagens gerais a partir do olhar de um observador 
finito. Nós temos a chance de examinar o todo da história e da Bíblia. 
Uma coisa interessante sobre a ela é que, no livro de Gênesis diz que 
não escapou ninguém, e depois do dilúvio a Bíblia introduz os 
descendentes desses caras vivos no mundo, mostrando que alguns deles 
escaparam! Inclusive Ogue, Rei de Basã (que ficava na região de Golã, 
onde hoje são os montes de Golã) conta a Bíblia a altura maior, 
registrada lá, que a cama dele, toda de ferro, tinha 5 metros e 20 de 
comprimento e 2 e 80 de largura, pra gente ter uma ideia do tamanho 
desse bicho! Agora... Golias, que também era da descendência dos 
Nephilins, que foi da história com Davi, aquele conflito lá com os 
filisteus, tinha 3 metros e 40. Então, não chega a ser essa enormidade. 
Danilo: Me deu um susto! Eu fiz a conta, um ser humano de 1,80... 
Caio: Pelo amor de Deus! Como ele vai transar com uma menina de 1 metro e 60? Meu Deus, a menina ia ficar arrombada no meio!
Danilo: Ia ser 31 centímetros só de rola...
Caio: Sai pela boca, assim... Você ia ter um chafariz! Atravessar a bichinha. Não dá!
Danilo: Milagres? Existem hoje, ainda?
Caio: Existem!
Danilo: Então porque ninguém vê mais? Só vê milagre de araque?
Caio: Todo
 milagre industrial é de araque! É simples assim. Abriu uma porta e 
disse: "Milagres aqui" - É mentira! Milagre é inusitado, milagre é 
misterioso.
Danilo: Você já viu milagre? Já testemunhou?
Caio: Muitos!
Danilo: Qual foi o maior milagre que você já testemunhou? 
Caio: Você quer falar de milagres físicos? Eu vi uma mulher derramando vermes pela vagina, numa situação horrorosa em Manaus.
Danilo: Mas isso não parece milagre, parece doença.
Caio: Era
 doença. Mas você ora e o negócio parar na mesma hora, não no dia 
seguinte, nem duas horas depois, mas secar na hora? É chocante! Você ver
 pessoas em hospitais, como eu vi algumas vezes, desenganadas, morrendo,
 como meu amigo Zé Cury, que está vivo hoje, dono de uma pousada no Rio 
Grande do Norte. Morrendo, desenganado, septicemia... Nós tínhamos sido 
malucos, tomadores de todo tipo de drogas e maluquices por aí, lutadores
 de Jiu-Jítsu juntos, lá nos Gracie, e ele saiu um pouco da linha, 
perdeu a cabeça, a polícia federal encheu-o de sete tiros, todos com 
bala -"dundum"- morrendo no hospital, com o intestino perfurado, mandou 
me chamar e disse: "Ó, septicemia! Morro hoje à noite! Encomenda a minha
 alma!"- Eu falei: "Não cara. Você ainda vai viver pra caramba, eu não 
sei nem porque eu estou te dizendo isto". Botei a mão na cabeça dele e 
orei com toda sinceridade, simples, em nome de Jesus. E o Zé Cury 
levantou na mesma noite. Isso faz 40 anos, e ele está vivo aí até hoje. 
Eu posso sair te contando histórias desse tipo pra sempre. Agora... Não é
 com hora marcada. Não é "Sexta-feira do Milagre". Não tem preço nenhum a
 pagar. É tudo de graça.
Não tem rito, não tem mistérios. Só implica sinceridade, verdade e encontro humano puro diante de Deus.
Danilo:
 Por que, por exemplo, quando você vai falar de Velho Testamento com um 
pastor, ele diz que o Velho Testamento caducou, como foi o início de 
nossa conversa aqui, mas aquela parte de Malaquias 3:10, que é de pedir 
dízimo, não caducou?
 Caio:
 Mas eles não dizem que caducou não! Eles me chamam de "herege" porque 
eu digo que essas coisas caducaram. Porque, justamente, se caducaram, o 
dízimo já era. E o dízimo não pode! 
Danilo: Mas se você vai perguntar: 'Porque o pastor não guarda o sábado?"- “Ah! Porque não vale mais, não tem mais a lei...” 
Caio: É
 seletiva a escolha deles! É seletiva quando o Novo Testamento não é 
seletivo. O Novo Testamento diz em Romanos 10: "O fim da lei é Cristo, 
pra justiça de todo aquele que crê". Ponto! Acabou! Começou uma nova era
 eterna de consciência. Isso eles não querem porque tira das mãos deles 
os aparatos primitivos de controle do povo. E o dízimo é um deles. Os 
sacrifícios... Por que o Macedo está construindo aí esse "Terreirão de 
Salomão"? Essa coisa grandona? Monstruosa? Porque ele quer, finalmente, 
oficializar a Universal como a captadora de recursos para o "templo de 
Deus". Para que Malaquias capítulo 3 se torne encarnado na Universal. 
Porque lá se diz que é pra levar ao templo, à "Casa do tesouro", que era
 no formato do templo do Salomão. Agora aqui ele está fazendo isto com a
 mesma cara, dez vezes maior, com essa máquina de caça-níquel, pra se 
tornar o grande arrecadador oficial! Com a simbologia e o arquétipo do 
Velho Testamento encarnado no Templo de Salomão. Essa é a esperteza 
desse malandro! É um terreiraço, meu amigo!
Danilo: Os líderes evangélicos, você mesmo disse, não tem muita afeição por você.
Caio: Eles
 deixaram de ter em 1998, até 1998 era unanimidade. Total. Eu deixei de 
ser unanimidade total em 1992, quando eu comecei a bater de frente com o
 Macedo todo dia. Aí eu deixei de ser unanimidade para a Universal, que 
até então, não concordava comigo, mas me respeitava. A partir dali eu 
perdi a unanimidade da Universal, mas mantive a dos outros até 1998.
Danilo: E do que você mais discorda da Universal? É o negócio do dinheiro?
Caio: Não,
 eu discordo de tudo. Aquilo pra mim é um grupo pagão, com intenções 
perversas, é uma grande franquia, e nunca esconderam que é, e é um 
sincretismo montado pra pegar todas as necessidades humanas das mais 
supersticiosas, ao cara evangélico que esteja numa crise de angústia e 
que diz: "Quem sabe aqui dá pra eu fazer uma fezinha também".
Danilo: Qual a sua denominação?
Caio: Eu fui ministro presbiteriano durante 30 anos.
Danilo: E hoje?
Caio: Hoje
 eu sou líder do Movimento Caminho da Graça, que não quer ser um 
movimento religioso, quer ser um caminho de fé, de consciência, por isso
 é que tem milhares de pessoas chamadas "desigrejadas" pelas igrejas, 
que estão todas dentro desse movimento, sem pai, sem mãe...
Danilo: Mas não acaba virando uma igreja? Uma denominação?
Caio: Ah,
 mas Igreja sou eu, Igreja é você. Igreja é impossível não haver. Igreja
 somos nós. Igreja é encontro. Eu me encontrei aqui contigo, esse é um 
encontro-igreja.
Danilo: No Vem&Vê TV está escrito que é "um canal cristão não religioso". Como algo cristão pode ser não religioso?
Caio:
 Porque o Cristianismo é religioso, mas a fé cristã não. O Cristianismo 
foi criado pelo Imperador Constantino, que fez um grande sincretismo. 
Pegou as crenças romanas de Mitra, as crenças egípcias presentes, pegou o
 panteão greco-romano, puxou todo pra dentro dessa única fé que havia em
 Roma, que estava capilarizada por todo império, um império que estava 
morrendo, e disse numa grande sacação: "Esses caras, essa fé de escravos, está 
capilarizada em todo império, e é através deles que eu vou poder 
reuni-lo!" O golpe dele foi esse. Foi aí que ele cooptou o que durante 4
 séculos foi sincero, puro e não construiu um único templo! Que era a fé
 dos discípulos. Constantino pegou esses caras que eram perseguidos, 
espoliados, maltratados e os cooptou com benesses. "Daqui pra frente 
quem for cristão não paga mais imposto do império...". Ele foi obrigando
 todo mundo a virar cristão a partir da economia e da política. Inchou a
 igreja, corrompeu-a, fundou o Cristianismo. Isso de um lado. 
Agora, a fé em Jesus
 nunca foi uma religião! Jesus não fundou nenhum Cristianismo. Jesus não
 fundou nada chamado "Evangélico". Jesus não fundou nenhuma religião. 
Jesus ensinou “Caminho". Caminho de Consciência pra qualquer um viver na
 rua, na estrada. Veja: Onde Jesus passou a maior parte do tempo dele? 
Na praia, cara. Ao ar livre.
Danilo: Ele era um Hippie?
Caio: Ele não era um Hippie porque não tinha essa designação. Os Hippies quiseram ser como Jesus e não conseguiram.
Danilo: Ok! Mas Jesus não fazia tudo que os Hippies faziam. Jesus... "pitava" um?
Caio: Se Ele fumava unzinho?
Danilo: É! Hoje em dia, Ele fumaria unzinho?
Caio:
 Rapaz, não tem nada mais doido do que... Você já fez jejum? Mas 
assim... De sair pra uma floresta, pra um deserto e ficar quieto?
Danilo: Não!
Caio:
 Cara, não tem onda mais doida do que um jejum, meu irmão! Sabe? Baseado
 fica careta, tudo vira bobagem. Na hora que você está ali, três, 
quatro, cinco dias de jejum e a tua cabeça começa a abrir... As nuvens 
começam a ficar vivas... O vento começa a te ninar... A água tem uma 
parceria contigo... Meu amigo! Canabis virou pitadinha pra distrair numa
 hora dessas, entendeu?
Danilo: Então, Jesus era do negócio pesado!
Caio: Não
 há ninguém que tenha andado com Deus e que não tenha sido um negócio 
pesado! Um cara que andou com Deus e fez um negócio leve, não conheceu 
Deus! Porque Deus é loucura pura, meu amigo! Essa história de 
racionalizar a Deus é uma idiotice na qual eu não caibo. A minha 
inteligência é grande demais pra entrar em racionalismos a respeito de 
Deus.
Deus é absurdo.
Danilo: Ok. Bom, muito se fala hoje em Movimento Gay. Como você acha que Jesus veria hoje o Movimento Gay?
Caio: Do jeito que Ele viu nos dias dele. Nos dias dele estava cheio de gays. E o que Ele fez?
Danilo: Não sei. O que Ele fez?
Caio: Nada!
 Estava cheio de prostitutas, calhorda pra todo lado, e o que Ele fez? 
Nada! Ele acolheu quem o procurou, Ele não perguntou coisa nenhuma. Não 
estava na pauta de Jesus e nem está. Essa pauta aí é uma pauta moral, é 
uma pauta ideológica, é uma pauta da fragilidade da religião que 
introjeta culpa nas pessoas e exacerba o maior movimento de compulsão 
psicológica justamente por aquilo que eles proíbem. Pegue uma 
estatística e vá ver, proporcionalmente, neste país, aonde existe a 
maior eclosão de compulsão gay no país. Não é no Corinthians...
Danilo: É no São Paulo...
Caio: No São Paulo chega perto! Agora... Nada alcança o movimento evangélico.
Danilo: Tem muito viado lá?
Caio: Claro!
 É uma viadagem só onde você fica dizendo: "Cuidado! Se virar viado é do
 diabo". "Se tiver um comichão no furingulingo é satanás!". Tudo é 
diabo! Meu Deus! Você cria meninos dizendo: "Cuidado com o diabo!" E até
 a tua heterossexualidade é do diabo. Tudo é do diabo! A 
homossexualidade então, é o diabo!
Danilo: "Bater uma" também...
Caio: Uma
 bronha? Tá danado! É tudo culpa, tudo pecado! Conclusão: uma sociedade 
que só introjeta pecado vai produzir só tarados. É simples como qualquer
 análise psicológica te diria. Não tem jeito dos evangélicos melhorarem 
enquanto eles piorarem o mundo pra todos. Não tem jeito. Eles vão ser 
sempre os piores do mundo que eles pioram para os outros.
 Danilo:
 É... eu quero aproveitar agora... As meninas que saem comigo... Eu sou 
assim porque eu sou crente, tá? Não é culpa minha. Por favor! Eu faço o 
melhor que eu posso. Eu faço o melhor que eu posso. 
Caio: Foi
 um condicionamento religioso que o deixou assim, um pouco 
descontrolado, mas ele está se segurando, né Danilo? Quanto mais ele se 
segura, pior fica! (risos) Tem que seguir o conselho do Macedo que pediu
 um jejum aí de 45 dias... Jejum de Globo, você não viu isso não? Pode 
até dar sorte pro Brasil! Pediu pra todo mundo não ver a Globo, mas 
assistir a novela “Vitória", da Record... e mais uns filminhos lá sobre 
Jesus. Vocês vejam como Deus é útil, né? Deus é utilíssimo.
Danilo: Você é evangélico presbiteriano desde menininho.
Caio: Isso.
Danilo: Você experimentou sexo antes do casamento?
Caio: Ah, com 5 anos de idade. Tive uma babá do meu irmão que tinha 15 e resolveu me pegar.
Danilo: Não, você tá brincando...
Caio: Aí me viciou... Nunca mais parei. Até hoje.
Danilo: Você está falando sério? Com 5 anos? Você tinha noção do que você estava fazendo com uma babá?
Caio: Eu fui tendo!
Danilo: Você é um cara de muita sorte!
Caio: Primeiro
 eu só tinha alegrias. Uma coisa gostosinha... Aí ela vinha, aquela moça
 grande... Eu pequeno... ela foi, foi, foi... Depois de um ano eu dizia:
 "Tomara que papai e mamãe vão pro cinema de novo". Porque era só quando
 eles iam ao cinema à noite. Eles iam três vezes por semana. Eu ficava 
torcendo pra irem todo dia.
Danilo: E faziam tudo?
Caio: Tudo!
 Eu não precisava fazer nada. Eu só sentava e ela realizava. Quando 
acabou, com 7 anos, que meu pai descobriu e mandou-a embora, eu chorei 
mais do que a morte de um primogênito.
Danilo: Quantos anos ela tinha?
Caio: Ela
 começou com 15 e agora tinha 17, e eu estava com 7. Aí, meu amigo... 
Ela plantou um borogodó em mim que não saiu nunca mais. Eu nunca mais 
consegui olhar pra vida do mesmo modo. As menininhas viraram todas 
mulheres.
Danilo: Até hoje você fala - com todo respeito - pra esposa: "Põe uma roupa de babá..."
Caio: Você
 sabe que eu não fiquei com fetiche? À medida que os anos foram 
passando, eu sempre quis pessoas da minha idade e, aliás, até os 20 anos
 eu só queria pessoas 10 anos mais velhas que eu porque me acostumei com
 a babá, cara. Depois que você se acostuma com uma mulher e você é um 
menino, fica difícil querer menininha. E depois que você vai ficando 
homem, sexualmente falando, tanto mais você vai querendo a experiência 
de mulheres que já "rodaram no candelabro".
Danilo: Vividas! Tá certo. Vividas! Você ainda tem o contato da babá?
Caio: Rapaz,
 eu sei que ela mora em Belo Horizonte hoje em dia. Sabe qual foi a 
última vez que eu encontrei com ela? Eu estava dando autógrafo de um 
livro meu aí por 1996, chamado "Confissões de um pastor", lá em Belo 
Horizonte, e aquela fila enorme... Aí veio uma senhora com três meninas 
mais altas do que ela atrás, ficou em pé bem na minha frente na mesa e 
falou assim: "No dia em que eu fui embora você chorou copiosamente. Quem
 sou eu?" Eu olhei pra ela e falei: "Fulana!" Claro que eu não ia 
esquecer jamais! Eu tinha chorado copiosamente! Tá ela ali... Se ela não
 dissesse aquilo, eu não iria reconhecê-la, né? Eram décadas depois. Mas
 quando ela disse isso... ah, voltou na hora!
Diguinho: Você comeu ela de novo naquele dia?
Caio:
 Não! Não fiz isso contra mim! Depois que eu me converti, isso tudo 
virou passado. A gente está conversando aqui de tempos acerca dos quais 
eu não tenho nenhum problema porque tudo que fez parte da minha vida faz
 parte da minha saúde hoje.
Danilo: É o seu Velho Testamento? Ela está no Velho Testamento?
Caio: Não, porque não ficou obsoleto. Eu continuo na prática feliz com a minha esposa.
Danilo: Maravilha!
Caio: Ela teve até contribuições a dar à minha vida posterior. 
Danilo:
 Que bom! Esse foi Caio Fábio, pessoal! Aliás, Caio Fábio... Hoje você 
não está em denominação nenhuma... Eu te chamo de pastor, de presbítero?
Caio: Me chama de "Caio", cara!
Danilo: Caio! Muito obrigado por ter vindo! Foi um prazer conversar com o senhor.
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Transcrição: Marcello Cunha
Formatação e Revisão: Sheila Boldt